Apesar de as vendas do setor automotivo terem registrado queda em outubro -impactado pelo período de turbulência econômica externa, principalmente nas concessionárias de veículos leves-, no caso dos caminhões, principalmente nos modelos mais pesados, o reflexo foi menor e ainda há fila de espera, devido à forte demanda vista ao longo do ano. A rede Vocal, maior revendedora de caminhões e ônibus da Volvo na América Latina, está para lá de otimista e prevê incremento de 56% no faturamento este ano, apesar de 8% das encomendas de caminhões terem sido canceladas. Segundo a empresa, a fila continua e os caminhões contratados serão entregues a partir de fevereiro de 2009.
Cláudio Zattar, diretor superintendente da Vocal, afirmou ao DCI que a fila de espera por caminhões pesados diminuiu, mas, no acumulado até setembro de 2008, a revenda alcançou o faturamento de R$ 403 milhões e mantém boas perspectivas para os próximos meses. A previsão do faturamento total deste ano é de R$ 580 milhões, 56% superior ao de 2007. A empresa saiu de um prejuízo de R$ 2,5 milhões em 2006, para um lucro líquido de R$ 12 milhões no ano seguinte, por conta da forte demanda interna.
Segundo o diretor, para 2009, ainda estão fechando as metas, mas é possível manter as vendas. "Continuaremos a crescer, provavelmente não no ritmo dos dois últimos anos, mas esse segmento já mudou de patamar." Em relação a problemas com o financiamento dos caminhões, Zattar diz que alguns clientes reclamaram da alta dos juros, mas acredita que os consumidores não deixarão de parcelar os pedidos, feitos em média de 24 a 36 meses. O executivo diz ter visto pequena diferença apenas no tamanho das encomendas. Há pedidos que chegam a 40, 50 unidades, mas a maioria deles ainda é de pedidos únicos ou menores.
O dirigente da Vocal afirma que há intenção de aumentar o market share da Volvo, de 18,6% no segmento de caminhões pesados e 8,7% no de semipesados. A empresa também deve dar andamento aos seus planos de expansão, com abertura e ampliação de filiais. Atualmente, a rede possui unidades nas cidades de São Paulo, Grande ABC, Santos, Campinas, Caçapava e Porto Ferreira.
Ainda este ano deve ser aberta mais uma filial em São Bernardo do Campo (SP), voltada à venda de cegonheiros, com investimento de R$ 2,5 milhões - segmento em que a Volvo tem 45% de participação. Para o primeiro semestre de 2009, a companhia prevê outra unidade em Guarulhos (SP), com verba de R$ 5 milhões. A concessionária estuda novas filiais, e garante manter seus planos, com previsão de investimento de R$ 10 milhões para 2009.
Potencial
Para Luiz Carlos Voto Paraguassu, diretor da área de caminhões do Grupo Sabrico - controlada pelo grupo português Sorel -, a companhia não sentiu nenhum arrefecimento no consumo e mantém de pé a expectativa de vendas 30% maiores para este ano, sendo o faturamento da companhia estimado em R$ 690 milhões para 2008.
"As operações, que estão em fase de conclusão, foram iniciadas há cerca de quatro meses", pontuou. Assim como na Vocal, a maior demanda atualmente é referente a veículos do modelo extrapesado, cuja espera pode chegar a quatro meses. "Este é o segmento de maior volume, e as fábricas têm aumentado sua produção de maneira vertiginosa", afirmou Paraguassu.
Segundo do diretor, que está no mercado há 40 anos, o setor venderá cerca de 125 mil caminhões, 25% a mais que em 2007. No âmbito da Sabrico serão comercializados até 1.250 caminhões, que totalizará R$ 130 milhões, quantia 30% maior frente ao alcançado ano passado.
Em relação à disponibilidade de crédito, Paraguassu diz que a empresa, por trabalhar com o Banco Volkswagen, sentirá menos os efeitos da restrição. Além disso, 90% dos financiamentos são intermediados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As outras parcerias financeiras são com o Itaú-Unibanco Holding e Safra. Com quatro concessionárias no País, o grupo prevê pôr R$ 10 milhões em uma nova sede.
Balanço
Os dados divulgados ontem pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), confirmam que a venda total de veículos no mês de outubro caiu 13,81% em relação a setembro e 5,7% ante outubro do ano passado, totalizando 398.507 unidades vendidas.
No caso dos segmentos de automóveis e comerciais leves, foi registrada uma diminuição de 11,58% nas vendas frente a setembro, e, na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 3,36%. No setor de caminhões, porém, ainda houve um aumento de 0,5% em relação a setembro e de 23,48% em relação ao mesmo mês de 2007.
Veículo: DCI