Redes apostam no exterior em tempo de crise

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Negociar pontos de venda em outros países, entre os quais os que passam pela crise econômica atual, tem sido visto como oportunidade de negócio por empresários brasileiros, que encontram pontos de venda mais em conta. Ao invés de ficarem preocupadas com o recesso nesses países, redes como a Giraffas, Vivenda do Camarão, Chilli Beans e Morana mantêm firmes os planos de abrir lojas nos EUA, na Europa e América do Sul. "O empresário só precisa analisar as alternativas", diz o professor da FEA-USP Nelson Barrizzelli.

Apesar de a crise assombrar o mercado internacional, algumas empresas brasileiras ignoram a sensação de ameaça e mantêm planos de expandir o comércio estrangeiro. Os empresários veem o momento de crise como uma oportunidade ao invés de ficarem preocupados com o recesso. "O que podemos dizer sobre crises financeiras é que a de 2008 foi uma grande oportunidade para fincarmos nossa bandeira nos Estados Unidos, pois facilitou a negociação do ponto de venda para a instalação do restaurante", diz o diretor-executivo do Giraffas, Cláudio Miccieli.

Além de linhas de restaurante, como o Giraffas e a Vivenda do Camarão, o processo de internacionalização de empresas também tem levado marcas do segmento de moda, como a Chilli Beans e a Morana, a expandirem os negócios para países como Estados Unidos, Portugal e regiões da América do Sul. "Para quem quer mexer com exportação, a oscilação do dólar não é ruim, muito pelo contrário. O empresário só precisa analisar as alternativas e ser cauteloso, pois, no exterior, ele pode estar na mesma condição dos concorrentes locais", analisa o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) Nelson Barrizzelli.

No mercado internacional, Caíto Maia, presidente da rede especializada em óculos escuros Chilli Beans, já contabiliza quase 10 pontos de venda em Portugal, 20 pontos na Califórnia (EUA), um em Angola, e um outro, recém-inaugurado, na Colômbia. A rede pretende fechar o ano com 400 pontos de venda no Brasil e no exterior, e crescer 50% em 2012 - aumento de 200 lojas novas no mercado interno e estrangeiro. "A nossa ideia agora é nos estabilizarmos na Califórnia. Nos próximos dois anos, pretendemos abrir 20 lojas novas, sendo que ano que vem a meta são as primeiras 10 operações. Para tanto, prevemos um investimento de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões só nos Estados Unidos", afirma o presidente da rede, ao DCI.

Além de apostar em solo americano, a Chilli Beans também planeja expansão em 2012 nos países em que já atua, como na Colômbia, com 20 lojas novas, e em Angola, com mais duas lojas. "A gente tem uma vantagem que o público e o foco são os mesmos em todos os países. Claro, precisa dar uma moldada de acordo com o local, mas nós falamos com o mesmo público", diz Maia, que pretende lançar coleções com artistas e estilistas das regiões, assim como faz no País. "A gente sempre fez isso, atrai o consumidor local."

Em relação à crise financeira mundial, Maia diz que em nada atrapalha os planos da Chilli Beans e vê o momento como uma oportunidade. "Eu vejo da seguinte forma: há oportunidade de vendas e lugares, há muitas chances no mercado ainda. Eu encaro esse momento de crise como uma possibilidade."

A rede de franquias de acessórios femininos Morana também apostou no exterior com o objetivo de consolidar a marca a nível mundial, diz o seu diretor de Negócios, Eduardo Ohara Morita. A rede, que até o fim do ano prevê ter um total de 184 lojas no Brasil e no exterior, prevê lançamento de pelo menos duas lojas em Portugal ou em países da América Latina para o ano que vem.

"Se reunirmos o que as novas lojas devem gerar de investimento, imaginamos que sejam investidos mais de R$ 25 milhões em 2012", afirma Morita. Em sua opinião, a crise afeta um pouco os negócios porque o comportamento do consumidor muda, mas ele não descarta a ideia de que agora é um bom momento para investir nos países estrangeiros - "Devido às oportunidades que poderão surgir de centros comerciais de bom porte; em um período de pleno emprego não seria possível ter essas chances", diz Morita.

Sobre os investimentos que deverão ser feitos pela rede no exterior, o diretor ressalta que "o objetivo é equilibrar as contas, porque devido à crise o mercado ficou mais competitivo, mas em contrapartida tem mais oportunidades", diz.

Também investindo no mercado exterior como caminho para o crescimento da bandeira pela expansão, a rede de restaurantes Giraffas abriu a primeira loja em Miami, nos Estados Unidos, em julho deste ano - com investimento de R$ 1 milhão. A primeira aposta no mercado exterior foi em Cidade do Leste, no Paraguai.

Conforme o diretor-executivo Cláudio Miccieli, o grupo pretende fechar o ano com mais de 370 lojas no mercado nacional, além de planejar a abertura de mais restaurantes na Flórida até 2012. "A projeção de investimento no mercado interno e externo é de R$ 30 milhões no ano que vem, considerando a abertura de 40 restaurantes no Brasil, além de 4 restaurantes em Miami, sendo que o segundo já está com as obras iniciadas", afirma.

Para poder implantar as unidades no mercado norte-americano, Miccieli precisou como foi feita a escolha. "A empresa realizou estudos em vários mercados antes de optar pelos Estados Unidos. Em 2009, enviamos um executivo daqui para Miami para aprender mais sobre o mercado. Ele chegou a trabalhar como atendente para conhecer o perfil dos operadores americanos, dos colaboradores e principalmente dos clientes", diz o diretor.

No mesmo segmento de restaurantes, a Vivenda do Camarão também aposta em unidades no mercado externo. Com expectativa de fechar o ano com 132 lojas em território nacional, um crescimento de 15% ante o ano passado, a empresa teve sua primeira unidade estrangeira no Paraguai e inaugurou, recentemente, outra loja em Santo Domingo, na República Dominicana, sob bandeira de Shrimp House.

"Estamos dispostos a entrar com a Vivenda em todos os continentes, e estamos abertos a negociações com eventuais interessados. Acreditamos que nossa presença na República Dominica seja mais um passo rumo ao mercado americano", afirma o sócio-diretor Rodrigo Perri.

A empresa ainda planeja aumentar a participação no mercado brasileiro. "Já temos cerca de 22 lojas [entre próprias e franqueadas] com contrato fechado para inauguração em 2012. Também iremos reformar nossa planta industrial, dobrando a sua capacidade produtiva", diz Perri.


Veículo: DCI


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