Produção cai 1,5% no ano e Abiplast culpa resina nacional

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Os transformadores de plásticos no Brasil esperam queda de 1,5% na produção de 2011 quando comparada a 2010, ano em que o setor alcançou 6 milhões de toneladas. Esse patamar poderá ser retomado em 2012 caso as projeções de crescimento da economia brasileira se confirmem. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o principal motivo para a queda está na perda de competitividade do setor que engloba cerca de 12,7 mil empresas no País. Isso porque a matéria prima básica para esta indústria, a resina termoplástica nacional, está entre 35% e 40% mais cara que a encontrada no mercado internacional.

De acordo com o presidente da entidade, José Ricardo Roriz Coelho, essa diferença de preços entre a matéria prima brasileira e a importada é o resultado do monopólio do setor com a Braskem e as medidas de proteção do mercado petroquímico nacional. Como consequência para os transformadores de plásticos, as importações de produtos acabados aumentaram, em dólares, cerca de 20% este ano quando comparados aos dados do ano passado, fato que levou a um aumento do déficit comercial a R$ 3,3 bilhões - o dobro do registrado em 2007, ressaltou o presidente da entidade e CEO da Vitopel, empresa que fabrica filmes plásticos do tipo BOPP.

Apesar da retração da produção local, a demanda continua em alta. Este ano será 6,4% maior do que em 2010. A expansão está sendo atendida pelas importações. A indústria automotiva, a de alimentos e bebidas e cosméticos são os setores que puxam a demanda.

"As empresas brasileiras perderam a capacidade de competir com o importado porque o preço da principal matéria prima é mais alto aqui no Brasil do que os nossos concorrentes pagam no exterior", afirmou o executivo. "Esse item é o responsável por algo entre 60% e 70% dos nossos custos variáveis", apontou Roriz.

Segundo o presidente da Abiplast, a expectativa do setor era que a vantagem de ter uma empresa consolidada no setor levasse a ganho de escala, e consequentemente, a um produto de mais baixo custo quando comparado ao momento anterior à formação das duas grandes empresas do setor, Quattor e Braskem, e que agora é representado apenas pela segunda companhia, que tem a Odebrecht e a Petrobras em seu bloco de controle. "Temos essas duas grandes empresas em atuação na primeira e segunda geração da cadeia petroquímica, era natural que nossos preços fossem competitivos", criticou.

Ainda na primeira quinzena de novembro, durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre, a Braskem já havia sentido o aumento das importações de manufaturados. Além disso, relatou que no acumulado do ano o volume de vendas da empresa está 6% abaixo do ano passado, boa parte desse resultado deve-se ao aumento das importações via portos de estados que concedem incentivos fiscais, como o Espírito Santo e Santa Catarina com redução do ICMS.

Procurada para falar sobre o assunto, a companhia preferiu não se pronunciar sobre a sua formação de preços para o mercado nacional, porém, nesse mesmo relatório de divulgação de resultados, afirma que os preços acompanham a variação do mercado internacional, e que tem elevado os preços no mesmo patamar que os concorrentes internacionais. De acordo com a assessoria de imprensa da companhia, a Braskem lembra que o Cade considerou o setor petroquímico como um mercado global e que por isso não haveria condição de monopólio no País.

Apesar de apontar o preço da matéria-prima como o principal motivo pela perda da competitividade, Roriz apontou um fator comum a todo o setor produtivo, o custo-Brasil como a alta taxa de juros, carga tributária elevada e infraestrutura precária do País. Todos esses itens da pauta de críticas tem feito a participação da indústria da transformação do plástico perder terreno em relação à indústria como um todo, acrescentou ele.

Atividade

Essa variação negativa da indústria do plástico é mais um indicador que ajudou a apontar retração no indicador de nível de atividade (INA) da indústria paulista. O indicador recuou 0,4% em outubro na comparação com setembro, com ajuste sazonal, de acordo com dados divulgados ontem pela Fiesp, este é o pior resultado para meses de outubro desde 2005, quando o indicador caiu 1,3%. Em relação a outubro de 2010, o INA caiu 1,7%, no ano, o índice registra alta de 1,7%. A confiança dos empresários paulistas também apresentou queda no mês de novembro. Passou de 48,6 para 47,7 pontos.



Veículo: DCI


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