As etiquetas das roupas vão começar a mudar a partir do ano que vem, trazendo uma nova forma para o consumidor identificar o tamanho das peças. Está em andamento uma padronização dessas etiquetas que passarão a informar as medidas de tórax, cintura e altura, entre outras, com o objetivo de facilitar a compra.
A alteração deve ter início em março com o vestuário masculino. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a proposta de padronização – resultado de um acordo entre o órgão, a indústria e o comércio – entrará em consulta pública nos próximos dias (ainda sem data definida).
A partir daí, serão dois meses para o recebimento das sugestões de consumidores e empresas. Caso se decida pela alteração da norma, haverá uma nova consulta pública. Senão, ela será publicada e entrará em vigor logo após o prazo da consulta.
“Caso veja uma peça com a nova etiqueta, o consumidor deverá saber suas medidas, usando uma fita métrica. Serão três biotipos: comum, atlético e especial, este para peças de tamanhos maiores. Dentro de cada um deles haverá variações de medidas, assim como para quem tem determinada altura”, informa Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira do Vestuário.
A última etapa da padronização de roupas será a de peças femininas, cuja norma deverá entrar em consulta pública no segundo semestre de 2012 e ser publicada até dezembro do próximo ano. A que padroniza roupas infantis está em vigor, assim como a que é usada em uniformes escolares.
Para o consumidor que não compra roupas sem provar as peças, pois sofre com a diferença de tamanho entre as confecções ou tem dificuldade em encontrar itens adequados ao seu biotipo, a notícia é um alívio.
“Uso número 38 mas às vezes a calça fica apertada. Como tenho costume de comprar e jogar a nota fiscal fora, não consigo trocar a peça. Só resta doar”, diz a aposentada Maria Chagas, de 86 anos.
A cabeleireira Gina Massarollo, de 46, tem quadril largo, o que lhe causa problemas ao comprar calças. “Seria bem mais fácil ter esta medida na etiqueta.”
Seu marido, o operador de logística Giovani Cardoso dos Santos, de 46, tem dificuldades com as camisas. “Algumas ficam apertadas principalmente no ombro, braço e barriga. Não arrisco na compra pela internet por causa disso.”
Na opinião de Claudio Felisoni, presidente do conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar/Ibevar), a padronização é positiva porque reduz a dissonância de informações existentes no varejo. “O consumidor está mais exigente e sabe que apenas o número não basta para que uma roupa caia bem”, explica. “Na medida que haja mais opções disponíveis, ele se sente mais seguro para comprar e não precisa provar ou fazer a compra pessoalmente.”
Mas pode demorar para o consumidor ver as novas etiquetas em todas as roupas. Isso porque elas não serão obrigatórias. Fabricante e lojista podem optar por vender as peças com ou sem as etiquetas. Após dois anos em vigor, é difícil vê-la nas roupas infantis. “A indústria terá que fazer ajustes e o lojista terá que adequar seu estoque. Mas as peças não deverão ter custos extras repassados ao consumidor”, diz Felisoni.
“Já há marcas, principalmente sites, que adotam a padronização e não têm tido devolução de produtos. A menos que a pessoa tenha medido errado”, diz a superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da ABNT, Maria Adelina Pereira. “Hoje não há transparência com relação à numeração no mercado de vestuário.” A troca de roupas corresponde a 20% da produção nacional, afirma Chadad. “A norma quer evitá-la. Todos perdem com ela.”
Veículo: Jornal da Tarde - SP