A atuação direta de marcas globais no varejo brasileiro, na área de tecnologia, tem crescido por meio da instalação de lojas próprias (físicas e virtuais). A HP prevê a abertura de dois pontos de venda oficiais - que se somarão a outros 36 - antes que o ano acabe. E a sétima Sony Store do País, recém-inaugurada com investimento aproximado de R$ 2 milhões, funciona em São Caetano do Sul (SP) e tem a proposta de favorecer os varejistas ao redor.

O objetivo do modelo não é vender "mais ou melhor" do que as lojas multimarcas, que são responsáveis, por exemplo, por gerar quase todo o resultado da Sony no Brasil. "É para proporcionar ao consumidor a experiência ideal e mostrar ao varejista como expor adequadamente o nosso produto", afirmou o gerente-geral de Negócios Diretos da companhia, Anderson Gracias.

As stores e o e-commerce da Sony - classificados como Negócios Diretos - representam menos de 5% da atividade comercial da empresa no País. Os gestores dessa área específica esperam que o ano fiscal se encerre com alta de 40% nas vendas, em março.

Contudo, o forte das vendas está justamente nas redes que supostamente seriam concorrentes, mas não são. "Se o consumidor entrar na Sony Store e depois for comprar em outro varejista, a gente fica feliz", disse Gracias.

Mais lojas da companhia japonesa devem ser instaladas no ano que vem, mas ainda não há um número definido. Os empresários buscam locais em que haja "parceiros", ou seja, players do varejo de eletroeletrônicos. A última unidade, inaugurada na quinta-feira (1), está no ShoppingPark São Caetano, ao lado de uma Fast Shop e de um Ponto Frio, que vendem produtos da Sony.

"Quando eu trabalhava no (shopping) Iguatemi, havia uma HP Store que ajudava muito nas vendas da Fast Shop", disse uma gerente de vendas, que agora trabalha para a Fast Shop do ShoppinPark São Caetano e espera que a Sony Store atraia clientes para a loja. "Aqui não vai ser diferente. É uma parceria, na verdade".

O gerente do Pontofrio, Carlos Alberto de Oliveira, havia acabado de sair do coquetel de inauguração da Sony Store, na semana passada, e atendia a clientes em sua loja, portanto foi breve, mas concordou: "[A nova loja] nos favorece, com certeza". No mesmo centro de compras, a Saraiva Megastore parece ser a única que não espera ser beneficiada. "Os produtos que tem ali [na Sony Store], a gente não tem. E o preço deles é mais em conta", disse um lojista.

A Sony Store oferece uma sala de treinamento para os varejistas vizinhos. Além disso, busca criar uma ponte de comunicação com o consumidor. Portanto, dispõe de uma câmera para avaliar o comportamento dos clientes, uma central de atendimento in loco e assistência técnica. "A empresa quer escutar o consumidor diretamente. Nem sempre se tem o feedback total do consumidor sobre o produto", disse o gerente de marketing da Sony no Brasil, Carlos Paschoal.

As sete Sony Stores que operam no País foram abertas num período de quase quatro anos, a partir de 2008, sendo que a primeira está localizada no shoppingCidade Jardim, na zona sul de São Paulo. "É algo recente. O Brasil foi um dos últimos países a começar [a abertura desse tipo de loja] na América Latina. Acho que é uma tendência de mercado", observou Paschoal.

Os produtos mais vendidos nas Sony Stores são computadores portáteis (notebooks), televisores e câmeras digitais, dentre um portfólio com mais de 150 opções, que vão desde pilhas até aparelhos de tecnologia 3D. Para melhorar as vendas on-line, a companhia está investindo em redução do número de cliques e web-merchandising.

Máquinas fotográficas

Ainda se tratando de tecnologia, empresas globais que fabricam câmeras para fotografar também estão ampliando sua presença no varejo brasileiro, do mesmo modo, por meio do estabelecimento de lojas próprias físicas ou virtuais. É o caso das marcas Nikon, Cannon e Lomografy

A Nikon irá abrir sua galeria virtual, direcionada exclusivamente para o público do Brasil, em meados do ano que vem. Uma fonte ligada à empresa acredita que será em maio. Já a Cannon inaugurou sua loja on-line em agosto desde ano, e por essa via comercializa todos os modelos de máquina que produz.

No mês passado, uma novidade chegou ao País: a Lomography, tradicional marca europeia de câmeras analógicas, inaugurou uma galeria na Rua Augusta, ponto movimentado da capital paulista. A "Lomo" é uma espécie de grife de aparelhos fotográficos que valoriza as técnicas não-digitais. Já havia um site para brasileiros comprarem as máquinas da companhia, mas a exposição da marca e sua presença no varejo nacional ampliam-se com a loja.

Até então, geralmente, essas marcas chegavam (ou ainda chega, no caso da Nikon) aos consumidores do País por uma via indireta e restrita: as representações comerciais.


Veículo: DCI