Alimentação em BH é a sétima mais cara do país. Tomate, café e carne foram os maiores vilões dos preços este ano
Quase dois pontos percentuais acima da inflação, o custo da cesta básica na capital mineira está ficando cada vez mais salgado. Enquanto entre os meses de novembro de 2010 e novembro de 2011 o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pela Fundação Ipead/UFMG acumulou alta de 6,96%, em Belo Horizonte, os 13 itens que compõem a cesta subiram 8,85% no mesmo período, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Somente entre outubro e novembro, a alta foi de 1,78%, o que ajudou a capital mineira a ficar na sétima colocação entre as mais caras para se alimentar no país, perdendo para Porto Alegre, São Paulo, Florianópolis, Vitória, Rio de Janeiro e Manaus. No mesmo período do ano passado, BH figurava na 10ª posição no ranking das 17 cidades pesquisadas pelo Dieese. O avanço de três lugares pode ser justificada pela escalada de preços no município, que só não foi mais forte do que as variações registradas nos últimos 12 meses em Florianópolis (12,38%) e Porto Alegre (11,95%).
Enquanto em novembro de 2010 se pagava R$ 235,83 para garantir a cesta em BH, agora é necessário desembolsar R$ 256,70 para a aquisição dos mesmos produtos. Entre os principais responsáveis pela alta do custo de alimentação nos últimos 12 meses estão o tomate (81,13%), café (36,24%), óleo de soja (18,80%) e leite (13,67%). Entre outubro e novembro, o tomate e o café continuaram na lista dos produtos com maior variação de preços, sendo acompanhados pela carne, cuja alta é considerada pela economista do Dieese em Minas Gerais, Regina Camargos, um “ponto fora da curva.”
“Este não é período de o preço da carne subir. Geralmente, essa alta vai até outubro, período de entressafra”, pondera. Mas não foi o que aconteceu, já que só em novembro o item subiu 3,9% (veja quadro). Segundo Sílvio Silveira, presidente da Associação dos Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal (Afrig), as chuvas vieram atrasadas neste ano, por isso a queda nos preços para o consumidor também deve chegar mais tarde. “A chuva era esperada para outubro, mas caiu mesmo no final de novembro”, explica. Com isso, os pastos ainda não se recuperaram da seca, impedindo a engorda do boi.
No açougue Montes Claros, a carne de primeira foi a que mais teve alta. “A demanda pela parte nobre do boi subiu muito”, conta o proprietário Geraldo Otávio Leite, que atribui a corrida pela carne à chegada das festas natalinas. O filé-mignon teve alta de 30%, enquanto a picanha passou de R$ 25 o quilo para R$ 34, preço 36% maior.
QUEDA À VISTA Apesar do comportamento atípico de preços, Silveira garante que esse cenário tem data para se desfazer. “A arroba chegou a R$ 110 e agora já está sendo comercializada por R$ 95. Com isso, a carne já deve baixar”, prevê. Proprietário da rede de açougues Serradão, ele planeja reduzir os preços a partir da próxima semana. Mas as quedas mais expressivas devem ser sentidas no bolso somente a partir da segunda quinzena de janeiro, no auge da safra. “Costuma cair mesmo entre janeiro e fevereiro”, prevê Geraldo.
A retração dos preços da carne já é registrada em algumas capitais. Em novembro, o produto ficou mais caro em 12 delas, quando no levantamento anterior a alta nos custos havia sido generalizada. Apesar do arrefecimento, somente a cesta básica de Aracaju (SE) e Salvador (BA) não foram reajustadas positivamente em novembro, contra 15 cidades em que houve alta.
Veículo: O Estado de Minas