Cadeia plástica teme desindustrialização

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A indústria brasileira de plásticos, composta por mais de 12 mil empresas principalmente de pequeno e médio porte, caminha para a desindustrialização. Para evitar a retração do setor responsável pela geração de quase 360 mil empregos, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) pede para que o governo e os fornecedores de matéria-prima atentem para a perda de competitividade das empresas. "O Brasil precisa repensar várias coisas para evitar um processo de desindustrialização", afirmou o presidente da entidade, José Ricardo Roriz Coelho. "O plástico é um produto intermediário para diversos setores. Por isso, se quisermos ter uma indústria competitiva, precisamos de uma cadeia plástica forte", completou o executivo, durante coletiva realizada nesta quarta-feira.

A preocupação levantada por Roriz é sustentada pelo fraco desempenho da indústria plástica nos últimos anos e, principalmente, em 2011. A despeito da perspectiva de que a economia brasileira possa crescer ao redor de 3%, a produção física de transformados plásticos deve encolher 1,5%, para aproximadamente 5,9 milhões de toneladas. No ano que vem, o setor deve voltar a crescer. A alta prevista de 2%, entretanto, será suficiente apenas para que o ritmo de produção em 2012 volte aos níveis registrados no ano passado.

A maior ameaça à indústria nacional é o produto importado. Apenas no ano passado, as compras externas de itens plásticos cresceram 20% em relação a 2010, para US$ 3,39 bilhões (preço FOB). Para o ano que vem, as estimativas da Abiplast indicam expansão de aproximadamente 15% nas importações.

Com isso, o crescente déficit comercial do setor, que dobrou entre 2008 e 2011 para US$ 1,89 bilhão, deve manter a trajetória de expansão. Isso porque as projeções da Abiplast para 2012 indicam exportação praticamente no mesmo nível deste ano, ao redor de US$ 1,5 bilhão. Na comparação com o ano passado, o ritmo de vendas externas teve alta de apenas 2%. "A demanda brasileira está em expansão, mas quem está capturando esse crescimento é o produto importado", destacou Roriz, após lembrar que a demanda doméstica por itens plásticos continua em elevação ao contrário das atividades na indústria nacional.

Competitividade

A principal razão para a perda de competitividade da indústria nacional, segundo Roriz, é o elevado custo das resinas termoplásticas, matéria-prima que responde por 60% a 70% dos custos da indústria plástica. Segundo estudos da Abiplast, o preço do polipropileno (uma das principais resinas do setor) vendido na Ásia para transformadores locais chega a ser quase 30% inferior ao valor praticado no Brasil. A diferença entre brasileiros e norte-americanos, por sua vez, é favorável aos estrangeiros em mais de 10%, o que permite ao produto importado ser competitivo apesar do custo com transporte.

O preço mais atrativo no mercado externo tem estimulado os transformadores a importar resinas. Com isso, a participação do produto estrangeiro neste mercado já supera os 30%. "Nenhum transformador deseja importar. O que leva à importação é a concorrência enorme do transformado plástico importado e o elevado nível dos preços no Brasil", justificou o executivo, que ainda citou a carga tributária e os entraves logísticas do País como alguns dos causadores da menor competitividade da indústria nacional.

Diante do cenário adverso, cresce na cadeia a migração de pequenas e médias empresas da atividade industrial para a comercial. Ao invés de produzir o transformado plástico, empresas estão comprando o produto acabado no exterior e distribuindo no Brasil. Esse processo, segundo Roriz, é uma das explicações para a geração de quase 10 mil empregos na indústria de transformação de material plástico ao longo de 2011, ano marcado pela queda no ritmo de produção. "Falamos de uma ampliação na área comercial das empresas", ponderou.

O enfraquecimento da indústria, complementa Roriz, pode ter efeito multiplicador principalmente em regiões mais distantes dos grandes centros, onde o consumo de transformados plásticos movimenta menores volumes. Com mais de 12 mil empresas e ampla distribuição geográfica, a cadeia nacional abastece diretamente desde grandes mercados até pequenos fornecedores de serviço, como padarias e locadoras, que utilizam sacolas ou outros materiais plásticos. Um eventual fechamento de fábrica de peças plásticas, dessa forma, poderia afetar diretamente os negócios dessas pequenas empresas.


Veículo: Diário do Comércio - SP


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