A área cultivada com sementes geneticamente modificadas no Brasil deve chegar a 31,8 milhões de hectares na safra 2011/12, que começa a ser colhida em janeiro. Trata-se de um aumento de 20,9% em relação à safra passada. O número consta de levantamento realizado pela consultoria Céleres, com empresas de biotecnologia. Esse é o segundo levantamento feito pela Céleres neste ano. Em agosto, a consultoria havia previsto uma área de 30,4 milhões de hectares.
A soja ainda é, de longe, a cultura na qual a tecnologia está mais difundida. Ao todo, serão 21,4 milhões de hectares cultivados com sementes transgênicas, um aumento de 16,7% em relação ao plantio do ano passado. A extensão corresponde ainda a 85,3% de toda a área dedicada à cultura - um recorde. No ano passado, essa participação foi de 76%.
A soja é a cultura pela qual a transgenia foi introduzida no Brasil, ainda em meados dos anos 1990 e de maneira ilegal, com o contrabando de sementes da Argentina. A liberação pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ocorreu em 2005.
Mas o milho é a cultura em que o avanço dos transgênicos mais impressiona. Apenas quatro anos depois de as variedades geneticamente modificadas terem sido aprovadas no Brasil, estas deverão responder por mais de dois terços (67,3%) da produção total (somando-se as áreas de verão e inverno) da safra 2011/12. De acordo com a Céleres, elas serão cultivadas em 9,9 milhões de hectares, uma expansão de 32% em relação à temporada anterior.
No algodão, as lavouras convencionais ainda são a maioria. Apenas 469 mil hectares (33% de um total de 1,45 milhão) serão ocupados com transgênicos. Trata-se de um aumento nada desprezível de 26,1% em relação à safra passada, mas ainda considerado aquém do potencial. Segundo a Céleres, o avanço dos transgênicos no segmento ainda esbarra na disponibilidade de variedades adaptadas às diferentes regiões produtoras do país e na falta de um transgênico que ajude no controle do bicudo, a principal praga do algodão.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (Isaaa, na sigla em inglês). A maioria das variedades usadas no país garante às lavouras tolerância ao glifosato, um agrotóxico usado para combater plantas invasoras nas lavouras. Nas lavouras de milho e algodão, também é grande a participação de plantas tolerantes a insetos.
Veículo: Valor Econômico