Os preços do produto devem registrar a terceira queda seguida em dezembro deste ano, mas os valores estão 15% mais altos que os registrados em 2010
O setor de lácteos do Brasil espera ampliar sua produção de leite 5% em 2012, passando dos atuais 30,9 bilhões de litros para pouco mais de 32 bilhões de litros. Apesar da queda dos valores dos lácteos nos últimos três meses devido à demanda menor, os valores obtidos em 2011 foram 15% maiores que os registrados no ano passado.
O Brasil, quarto maior produtor de leite do mundo -atrás da União Europeia, que deve produzir 136 bilhões de litros em 2011, dos Estados Unidos, com 88 bilhões de litros, e da Índia, com 52 bilhões de litros-, está otimista com a produção para 2012. Segundo Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), apesar de o consumo brasileiro não superar 163 litros por pessoa ao ano, o aumento da demanda se dá por novos consumidores.
"O consumo está estagnado por uma série de fatores, como a falta de propagandas e o preço do leite ao consumidor, entre outros. Para resolver uma delas estamos fazendo um levantamento para saber qual é a proteína mais barata do País - o queijo? o ovo? o leite? -, o que nos ajudará a mostrar o real valor do leite no País", garantiu o executivo da Leite Brasil.
Indagado sobre a possível viabilidade de se criarem campanhas e propagandas para ampliar o consumo, o executivo contou que a ideia já foi sugerida algumas vezes, mas no momento de implementá-las o varejo brasileiro acaba se opondo ao movimento. "Já tentamos fazer isso, e quando estava tudo pronto, o varejo não quis reduzir suas margens barateando o produto. O leite longa-vida recebe margens superiores a 30% no varejo, e o queijo chega a registrar margens de 80%. Isso é um roubo", garantiu ele.
No ano passado o litro do leite era vendido a R$ 0,70 em média, no País, 15% menos do que os valores médios registrados neste ano, quando o litro era encontrado a R$ 0,80. Apesar dos custos mais altos, os preços no ano não foram tão apertados para o produtor. "Os preços foram bastante estáveis neste ano. Mas com a chegada do fim de ano os valores começaram a recuar, até porque a demanda diminui neste período", disse ele.
Segundo o analista de mercado da consultoria Scot, Rafael Ribeiro, desde outubro os valores dos lácteos têm apresentado quedas. Em novembro os preços médios registrados estavam na casa dos R$ 0,82 o litro, queda de 2,3% ante os valores vistos no mês anterior. Quando a comparação é com o mesmo período do ano passado, os preços deste ano são 14% maiores. "O aumento dos preços das commodities ajudou a elevar também os custos de produção de leite, e com eles os preços do produto. Entretanto, apesar de tudo isso, o ano foi bom para o pecuarista", garantiu Ribeiro.
Para dezembro a perspectiva de queda dos preços se mantém, podendo superar a casa dos 3%, a valores de aproximadamente R$ 0,79. "Os patamares de preços vistos este ano chegam a representar até 15% mais do que os vistos no ano passado. A média deste ano foi de R$ 0,80, contra os R$ 0,70 do ano passado. Em dezembro vamos continuar vendo essa queda, mas os preços médios do ano passado foram bem menores, chegando a R$ 0,73", comentou o analista.
Para 2012 a expectativa é de manutenção dos preços, porque a demanda continua crescente, e os custos de produção devem mesmo recuar um pouco, "dado que os preços do milho e da soja devem diminuir também", considerou Rafael Ribeiro.
Bahia
Enquanto os preços do leite não atingem os patamares desejados pelos produtores, a cidade baiana de São Domingos solicitou à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri) apoio para a implantação de um laticínio, que irá atender mais 400 pequenos produtores rurais da região, com o argumento de que a região é responsável pela produção diária de 30 mil litros de leite, tendo como polo consumidor principalmente as cidades de Itabuna e Feira de Santana. "Queremos beneficiar o leite, ou seja, resfriar e processá-lo", explicou o presidente da Associação Vitaleite, William Carneiro.
Segundo o prefeito de S. Domingos, Izaque Rios, com a decadência do sisal na região, os produtores rurais viram na pecuária leiteira uma possibilidade de crescimento da economia local.
Por sugestão do secretário da Agricultura Eduardo Salles, ficou acordado que a produção será destinada para a merenda escolar, integrando o programa federal Fome Zero. De acordo com Salles, o projeto será avaliado pela Sudic. "É interessante que o laticínio comece com um pasteurizador e uma empacotadeira. Esta seria a primeira etapa."
Veículo: DCI