As indústrias que atendem ao mercado gastronômico ainda não parecem sentir os efeitos da crise econômica internacional e, acreditam, que só devem surgir se a situação se estender já que a alimentação é sempre um dos últimos segmentos a ser atingidos. A argentina Braspack, por exemplo, com fábrica em Suape e única no Nordeste a fabricar filme de PVC, não só aposta que a demanda interna continuará aquecida, como mantém de vento em popa seu projeto de ampliação que vai custar R$ 17 milhões, em duas etapas.
Na primeira, serão investidos R$ 10 milhões para elevar a produção de filmes de PVC das atuais 450 toneladas por mês, para 600 toneladas mensais no segundo semestre de 2009. Na segunda, mais R$ 7 milhões elevarão o volume para 900 toneladas por mês, dependendo da demanda externa. Metade da produção é exportada, a partir do Porto de Suape, para 28 países. Com a aprovação do laboratório inglês PIRA, apontado como um dos mais conceituado no mundo na homologação de produtos que terão contatos com alimentos, o filme de PVC da Braspack, batizado de filme Europa, pode entrar na União Européia, o que justifica a ampliação e a projeção de alta dos percentuais de exportação para 60%, na primeira fase, e para 70%, na segunda.
"Estamos mantendo todos os investimentos em produtos e na expansão. A crise é de crédito e não afeta o crescimento no Nordeste", disse o diretor industrial da Braspack Embalagens do Nordeste, Jorge Fernandez.
Na Dixie Toga a expectativa de aumento das vendas em 2008 também permanece. Alguma alteração, segundo o supervisor de Marketing da Divisão de Rígidos, Régis Sá, só no ano que vem. "Ainda não tivemos nenhum reflexo. Nossos produtos, embalagens para alimentos, são dos últimos a ser afetados", afirma, reforçando o interesse da empresa no desenvolvimento do mercado nordestino que hoje, junto com o do Norte, absorve cerca de 25% da produção de rígidos da empresa. São no total oito fábricas no País.
É atrás desse mercado que a L. Tedesco, fabricante de fornos e ilhas de cocção, no Rio Grande do Sul, estreou este ano na Fispal Nordeste. "A gastronomia está em uma crescente tão grande que se tiver qualquer crise a gente consegue abranger e ir crescendo, mesmo devagarinho", disse o gerente de vendas da empresa, Daniel Citton. A concorrente paulista Titã, que produz 5 mil unidades de fornos e expositores elétricos por mês, também está otimista. Em seu quarto ano de feira, o gerente comercial Edinael Magalhães, espera aumento de 10% nas vendas sobre 2007. "Essa nuvem negativa em cima da gente é mais efeito da mídia, tá gerando insegurança mas outubro foi dentro da realidade dos outros meses, não tivemos baixas", afirma Magalhães, também disposto a manter-se firme no Nordeste que, para ele, é o que mais tem crescido nos últimos cinco anos.
Marinheiro de primeira viagem, o diretor comercial da fábrica de balanças Urano, também do Rio Grande do Sul, José Lúcio Rodrigues, tem o mesmo raciocínio e considera a crise uma boataria, mesmo tendo elevado em 8% sua tabela de preços, decorrência do repasse do aumento do dólar e do conseqüente encarecimento dos componentes eletrônicos das balanças, que são importados. Mesmo assim, diz que manteve a média de 4 mil balanças auferidas junto ao Immetro, por mês.
Na contramão desse otimismo, o diretor comercial da metalúrgica catarinense Metvisa, Márcio de Oliveira, revela que sofreu redução de pedidos e cancelamentos de seus revendedores no último mês. Com um portfólio de equipamentos para cozinha de restaurantes com produtos que variam de R$ 200 a R$ 2,5 mil, Oliveira vê os clientes assustados com a crise e não acredita que, este ano, vá repetir o faturamento de R$ 680 mil da Fispal de 2007, mas prevê o cumprimento das metas de 2008. O diretor revela, que mesmo com crise e clientes cautelosos, a construção da nova fábrica, que passará a ter 7,5 mil metros quadrados, em Brusque (SC), e representa um investimento de R$ 4,5 milhões, foi mantida. Com 80% do projeto concluído, a inauguração será em março de 2009.
As empresas participam da Fispal Tecnologia e Fispal Food Service, edição Nordeste. A expectativa é de que o evento, que termina hoje, movimente negócios da ordem de R$ 800 milhões nos próximos 12 meses, cerca de 5% a mais que em 2007, segundo informou o superintendente da organizadora do evento, a Brazil Trade Show, Marco Antonio Mastrandonakis, .
Veículo: Gazeta Mercantil