A americana Ecolab, líder mundial em produtos e serviços de higiene e limpeza para empresas, abriu o ano com faturamento de cerca de US$ 100 milhões no Brasil e vai fechá-lo com receita de mais de US$ 300 milhões, somadas as aquisições. A empresa acaba de fechar a compra da paulista InsetCenter, de controle de pragas não domésticas, com vendas líquidas de US$ 6 milhões. O valor pago pela empresa não foi divulgado. O maior reforço se deu em julho, quando a matriz comprou a americana Nalco, de energia e tratamento de água, com receita no Brasil de cerca de US$ 200 milhões. O desafio agora é integrar as operações.
"Queremos continuar investindo no país. Não acredito que possamos ser líderes mundiais sem sermos líderes no Brasil", disse ao Valor o presidente global da companhia, Douglas Baker. As operações brasileiras da Ecolab crescem mais de 20% ao ano, bem acima do avanço próximo de 7% da América Latina e de 11% no mundo, somada a Nalco.
A Ecolab vende programas de higienização e controle de pragas para dois tipos de clientes no Brasil: indústrias de alimentos e bebidas e o que chama de institucional, que inclui hotéis, restaurantes e supermercados. Com a aquisição da Nalco, quer passar a vender projetos de consultoria para empresas que queiram reduzir gastos de água e energia.
Aos 4 mil clientes da Ecolab na unidade de controle de pragas somam-se outros 2 mil da InsetCenter. A empresa estima que com a aquisição assuma a liderança nesse segmento, extremamente pulverizado e com várias empresas regionais, passando de 6% a 10% de participação.
A maior parte dos clientes da InsetCenter é de fabricantes de alimentos e bebidas. "O Brasil vai se converter cada vez mais em um produtor importante para todo o mundo. Na medida em que as indústrias brasileiras exportam mais, precisam responder a padrões de higiene muito maiores", diz o presidente da Ecolab no Brasil, Jaime Perez.
O desafio agora é integrar Nalco e InsetCenter simultaneamente. Somente a Nalco tem 700 funcionários no Brasil, mais do que os 550 da Ecolab. A InsetCenter soma outros 190 empregados. No caso da brasileira, menor e com atividades similares, a expectativa é concluir o processo em três meses. Já para a Nalco a transição é mais lenta. "Vamos fazer a integração societária durante o ano de 2012, mas a integração plena vai demorar provavelmente vários anos", diz Perez.
O comando de toda a empresa no Brasil vai ficar com Perez. Os dois sócios da InsetCenter vão ocupar cargos gerenciais na empresa, que deve perder o nome. Já a marca Nalco deverá ser mantida para algumas operações ligadas a água e energia, que tem entre os clientes a Petrobras e empresas de papel e celulose.
A Ecolab já começa a namorar outro mercado no Brasil: o de cuidados com a saúde. A empresa oferece serviços para áreas comuns em hospitais, mas quer atuar em espaços de maior risco de infecção. A dúvida é entre expandir ou fazer mais uma aquisição. "Estamos avaliando oportunidades", afirma Perez.
Com capital aberto nos EUA, a Ecolab faturou US$ 4,95 bilhões de janeiro a setembro. Sem as aquisições, o Brasil responde por cerca de 2% das vendas. Questionado sobre o prazo para aumentar a contribuição do país ao faturamento, o presidente global mostra urgência. "O prazo é amanhã".
Veículo: Valor Econômico