O faturamento da indústria eletroeletrônica, neste ano, crescerá 8% na comparação com 2010, totalizando R$ 134 bilhões, o que frustra as expectativas iniciais, que previa, incialmente, um crescimento de 13%.
De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o setor eletroeletrônico deverá fechar sua balança comercial com um déficit de mais de US$ 32 bilhões, o que significa crescimento de 18% em relação ao ano passado. Esse déficit é resultado das importações que deverão atingir US$ 40 bilhões e das exportações que não chegarão aos US$ 8 bilhões.
Segundo o presidente da Abinee, Humberto Barbato, há alguns anos o faturamento refletia o nível de atividade das empresas, hoje, porém, este índice não está refletindo a situação efetiva pela qual passa o setor eletroeletrônico. " preciso analisar o quanto do mercado interno está sendo atendido por produto local ou por importação", disse. Incentivadas pelo real valorizado, as importações de bens finais representaram 22% do faturamento total do setor, o que evidencia a dificuldade das empresas para competir.
Para Barbato, a situação já chegou a tal limite que apenas mexer no câmbio talvez não seja suficiente para reverter esta perda de competitividade. "O que precisamos é criar um programa de incentivos para estimular a compra de produtos de empresas instaladas no Brasil. As estatais e operadoras têm que ter vantagens para comprar daqui", disse.
Citando o ex-ministro Delfim Netto que, em reunião do Conselho Consultivo da Abinee, abordou a necessidade do Brasil criar empregos para uma população economicamente ativa de 130 milhões de habitantes em 2030, Barbato afirmou que com o atual processo de destruição do parque industrial instalado no país não haverá capacidade para absorver esta mão de obra potencial.
Na ocasião, Barbato voltou a ressaltar que a realização da Copa do Mundo e das Olímpiadas no país deve servir como uma alavanca de oportunidades para as empresas instaladas no país.
Alvo - Um dos setores mais afetados pelo câmbio é o de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (GTD), cujas importações atingiram um crescimento de 54% em 2011. O diretor da área na Abinee, Newton Duarte, afirmou que os números mostram uma tendência "horripilante". "Partimos de um quadro de superávit, no qual importávamos metade do que exportávamos e, agora, pela primeira vez, fomos deficitários. Isto aponta que as empresas não têm mais competitividade para atender os projetos daqui."
O diretor da área de informática, Hugo Valério, afirmou que o problema de competitividade no país não é recente, mas vem se agravando por conta do custo Brasil e do câmbio, que expõe ainda mais os gargalos estruturais. "Dessa forma, as empresas passam a buscar maior automação e transferência da produção para outras localidades com menor custo de mão de obra, o que pode gerar uma queda de empregos no país", ressaltou. Para ele, é necessário que o governo encare esta situação por um prisma estratégico.
Segundo o diretor da área de telecomunicações da entidade, Paulo Castelo Branco, o processo de desindustrialização já está chegando ao segmento. "As importações representaram 33% do faturamento das empresas neste ano", enfatizou. Ele acrescentou, ainda, que, para atenuar o arrefecimento nas vendas de equipamentos, as empresas estão transferindo seus negócios para a parte de serviços.
Destacando os trabalhos da Abinee com o objetivo de fortalecer da indústria de componentes, o diretor da entidade, Aluizio Byrro, afirmou que sem o desenvolvimento de uma indústria desta área no Brasil, a agregação de valor dos bens finais continuará reduzido.
Veículo: Diário do Comércio - MG