A menor disponibilidade de café nos estoques mundiais será um dos principais fatores que contribuirá para a manutenção dos preços lucrativos para os cafeicultores durante a safra 2011/12, mesmo diante do aumento do volume produtivo. De acordo com o relatório de análise mensal do café, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os estoques relativamente baixos e a redução da produção em outros países poderão beneficiar os cafeicultores mineiros e do restante do Brasil.
De acordo com a equipe de pesquisadores do Cepea, ao longo de novembro os preços do café no Sul de Minas se mantiveram praticamente estáveis, com ligeira tendência de alta, de 0,82%. A saca de 60 quilos do produto foi avaliada em R$ 489,11 na média de novembro, contra a cotação de R$ 485,27 observada na média de outubro.
As cotações internacionais do arábica apresentaram forte oscilação em novembro, segundo o Cepea. O contrato de arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures), com vencimento em dezembro, fechou a 233,80 centavos de dólar por libra-peso em 30 de novembro, o que representou alta de 4,5% em relação ao dia primeiro do mesmo mês.
No mercado brasileiro, os preços avançaram no acumulado do mês, com vendedores seguindo retraídos. Neste cenário, o Indicador Cepea/Ealq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, mostrou média de R$ 493,83 por saca de 60 quilos em novembro, ligeira alta de 0,7% em relação à de outubro. De modo geral, as negociações continuaram lentas no físico brasileiro.
Mesmo com valores praticamente estáveis, os preços pagos pela saca são suficientes para cobrir os custos de produção e gerar lucro para os produtores, que ao longo da próxima safra terão melhores condições de investir nos tratos culturais dos cafezais, favorecendo o aumento da produtividade e a qualidade final dos grãos.
A manutenção da demanda em alta incentivará também os investimentos na cultura. De acordo com os dados do Cepea, os estoques finais de café desta temporada brasileira (2011/12) foram reduzidos para 3,39 milhões de sacas no relatório mais recente do United States Department of Agriculture (Usda), divulgado em novembro.
O volume ficou 14,9% maior que o verificado no final da safra passada (2010/11), mas 31,4% menor que o da estimativa anterior, divulgada em maio. Quanto à produção brasileira para esta temporada, de bianualidade positiva, foi mantida pelo Usda em 49,2 milhões de sacas de 60 quilos, acima das 43,2 milhões de sacas estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Minas produziu na safra 2010/11 cerca de 21,6 milhões de sacas de café, redução de 13,82%. Para o ano safra atual é esperada alta de pelo menos 15% no volume, que também será impulsionada pela bianualidade positiva da cultura.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, os estoques ainda relativamente baixos combinados à queda na produção em outros países e ao consumo em alta reforçam o cenário de preços firmes para o café nos próximos meses.
Em relação à demanda, os dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), divulgados pelo Usda, indicam que o consumo brasileiro de café torrado e de solúvel aumentou em 2011, considerando o período de novembro de 2010 a outubro de 2011. A Abic aponta consumo de 19,8 milhões de sacas em equivalente café verde, alta de 3,3% em relação ao verificado entre novembro 2009 a outubro 2010.
Produção menor - Outro fator positivo para a manutenção dos preços do café em alta está relacionado com a safra mundial 2011/12. A produção estimada pela Organização Internacional do Café (OIC) é de 127,4 milhões de sacas, 2% menor do que a prevista em julho e 4,4% menor que a observada na safra 2010/11.
Segundo a equipe de pesquisadores do Cepea, os novos dados da OIC reforçam que as condições climáticas desfavoráveis em importantes países produtores tem prejudicado a produção. A Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (Fedecafe) prevê que a produção do país fique entre 8 milhões e 8,5 milhões de sacas, perto de alcançar os níveis mais baixos dos últimos 35 anos. As estimativas iniciais apontavam para um volume de 9,5 milhões de sacas.
Na Indonésia, a OIC estima a produção atual em 6,7 milhões de sacas, redução de expressivos 21,2% na comparação com o estimado para a temporada passada, que foi de 8,5 milhões de sacas. No entanto, segundo a Organização dos Exportadores Indonésios de Café, apesar de as fortes chuvas terem prejudicado as lavouras em 2011, a estimativa para a temporada corrente é de 8,7 milhões de sacas e, para a de 2012, de 10,8 milhões de sacas.
Veículo: Diário do Comércio - MG