Os números sobre o uso de defensivos agrícolas no combate de pragas revelam um fato significativamente positivo: os produtores rurais vêm se mostrando preocupados em melhorar o manejo da lavoura quando aplicam os produtos. Essa é a conclusão da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) sobre os resultados do levantamento realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Divulgados recentemente, os dados revelam que das 2.488 amostras analisadas, 72,4% estão em plena conformidade com a legislação e as boas práticas agrícolas. Dos 18 tipos de alimentos, em oito culturas não ocorreu nenhuma inconformidade. É o caso, por exemplo, da alface, batata, cenoura e do pimentão. "Esse fato mostra um uso racional e correto de defensivos", destaca o diretor executivo da Andef, Eduardo Daher.
"Em relação às culturas nos quais foram identificados resultados acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) é necessário esclarecer que, no geral, os valores de inconformidade obtidos, de 3,6%, são baixos e igual aos encontrados em programas de monitoramento em países onde se pratica uma agricultura de escala. E, ao observar apenas as amostras que apresentaram índices acima do LMR, o resultado é ainda mais positivo: 1,7%", explica Daher.
Ainda segundo Daher, a entidade e suas associadas apoiam o permanente monitoramento de resíduos dos alimentos por parte dos órgãos governamentais. "Somada às iniciativas de empresas dos setores da indústria e do comércio de alimentos, tais análises são importantes para garantir a saúde dos consumidores brasileiros e as boas práticas agrícolas", avalia.
Monitoramento - Entre os programas de monitoramento de resíduos em alimentos realizados no país, destacam-se o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), coordenado pela Anvisa, vinculada ao Ministério da Saúde.
" fundamental esclarecer à população que os resultados apresentados pelo programa PARA, da Anvisa, não devem desestimular a população a consumir frutas e verduras, um hábito saudável e recomendado por todos os nutricionistas e médicos" alerta o diretor da Andef.
De fato, com algumas notícas divulgadas pela imprensa, o impacto que tem se observado é a resistência dos consumidores em comprar os alimentos classificados como "vilões" nos dias seguintes ao anúncio do programa.
A diretora-presidente da Associação de Hortifrutiflores de Jarinu e diretora do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf,Mariliza Scarelli Soranz, acredita que a forma com que as informações da pesquisa são divulgadas leva prejuízo ao pequeno agricultor. "As divulgações equivocadas da Anvisa prejudicam o segmento e deixam nossos produtores extremamente desmotivados a permanecerem na agricultura, principalmente pela baixíssima demanda desses alimentos", ressalta.
Veículo: Diário do Comércio - MG