O novo design de Sonia Diniz

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Herdeira do Pão de Açúcar repagina sua loja e aposta em um modelo de varejo de luxo que alia decoração e arte.



A rotina se repetiu durante anos. Todos os dias, Sonia Diniz, irmã do presidente do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, executava a tarefa de comandar o setor de confecções da maior rede de supermercados do País. Criteriosamente, ela selecionava o que deveria estar nas gôndolas das centenas de lojas da rede. Missão cumprida, ela partiu para um voo solo – e com novos desafios. Sonia decidiu não querer mais ser reconhecida apenas por seu sobrenome famoso no mundo dos negócios e mergulhou no setor de móveis e artigos de luxo. Hoje, 13 anos depois de entrar para o mundo empresarial, aposta em um inédito conceito de loja, um mix de arte e design. Embora suas primeiras experiências no setor tenham começado em 1994, com a abertura da Firma Casa, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, só agora ela propõe um novo e, aparentemente revolucionário, modelo de negócio. “A Firma Casa estava desatualizada e o consumidor brasileiro é carente de coisas novas”, diz Sonia. “Eu já estava aqui há quase 14 anos com a mesma carinha, com os mesmos fornecedores.” A saída foi dar uma repaginada na empresa.


Surgiu então, do questionamento de quais eram os limites entre uma galeria de arte e um espaço dedicado ao design, o conceito que marca a reabertura da loja, que ficou dois anos fechada para reforma. Com uma área total de 526 m², o novo formato da Firma Casa recebeu um investimento de R$ 1 milhão. A fachada, revestida com plantas da espécie espada-de-são-jorge, está irreconhecível. Mas é no interior, matizado em tons de verde e cinza e com tubulações aparentes, que ficou a verdadeira reestruturação em termos arquitetônicos e conceituais da loja. O espaço está dividido agora em duas partes: a galeria de arte e design fica em um espaço com luz natural na entrada do local, enquanto o restante abriga o showroom multimarcas. A nova proposta se justifica. Segundo Sonia, a união entre arte e design surge para agradar os exigentes consumidores endinheirados, que buscam produtos tão duráveis e exclusivos quanto uma obra de arte. O designer Guilherme Leite, do estúdio Nada Se Leva, também acredita que esse é o caminho. “O produto não precisa mais ser funcional ou comercial”, diz ele. “O que as pessoas querem é que ele dê um toque pessoal à decoração”.

Apostando nesse novo segmento de mercado é que veio a inspiração para o novo formato da Firma Casa. “É diferente do cliente que compra um móvel por ser bonito e necessário”, afirma a empresária. Para ela, esse consumidor assemelha-se mais a um colecionador, pois tem consciência do produto que está comprando e pensa que, já que está gastando, que seja com algo importante, exclusivo e que se perpetue, como um quadro ou uma escultura. Apesar do novo visual, a exclusividade é o foco e a aposta da Firma Casa para se consolidar no mercado da decoração de luxo.  Por isso, a parte da loja destinada à galeria de arte e ao design vai contar com artefatos únicos ou de edição limitada. No show-room, as peças multimarcas são escolhidas a dedo e trazidas ao Brasil exclusivamente por Sonia. Nele, é possível encontrar objetos de R$ 1 mil, como uma fruteira em papelão assinada pelos irmãos Fernando e Humberto Campana, até R$ 80 mil, que é o caso de uma mesa feita de lascas de madeira e latão. As exposições são outro diferencial da loja. Vão ser cinco até o fim do ano que vem. A primeira já está acontecendo. São as autênticas cadeiras e poltronas produzidas pelos irmãos Campana com matérias simples, porém inusitados, como bichos de pelúcia.
 
Os designers, aliás, assinam as peças mais procuradas na loja. “Todo mundo sabe que aqui é um pouquinho a casa dos Campana”, diz Sonia, que investe no trabalho da dupla desde o início dos anos 1990. O investimento feito na repaginação da Firma Casa serviu também para informatizar a loja, que agora não vai mais trabalhar com catálogos e tabelas de preço em papel, mas apenas em iPads. O gasto com a tecnologia abrange o website da loja, que está sendo reformulado, mas não existem planos para a implementação de e-commerce. “O projeto para a internet inclui somente divulgação, não vendas”, afirma Sonia. Sobre o futuro, ela deixa claro que não tem intenção de abrir filiais. O intento para garantir o crescimento da loja é abrigar cada vez mais marcas e profissionais conceituados em seu port-fólio. Hoje a Firma Casa conta com nomes como Zanotta, Cerruti-Baleri, Aurélio Martinez Flores, Thomas Eyck, entre outros. Orgulhosa em ser uma das primeiras a trazer o conceito de design-arte ao Brasil, Sonia transpira confiança de quem carrega o sobrenome Diniz: “O sangue do comércio está nas veias”, diz.
 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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