O Rio Grande do Sul colheu neste ano sua maior safra de trigo. De acordo com levantamento da Emater-RS, as lavouras distribuídas em 880.205 hectares produziram 2.416.684 toneladas do cereal, 13,3% a mais do que no passado e pouco mais de 20 mil toneladas acima do recorde anterior, registrado em 2004. Neste ano, o Estado superou o Paraná e se tornou o maior produtor nacional. No entanto, a suspensão dos leilões de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) pelo governo federal, em função de denúncias de irregularidades, provoca queda nas cotações.
Segundo o produtor Fernando Martins, da Cotrijal, o valor médio de R$ 24,00 pela saca que está sendo negociado no mercado não cobre os custos, estimados em pelo menos R$ 28,00. Leilões do governo já realizados neste ano chegaram a pagar o preço mínimo desejado pelos agricultores. Outro entrave para o trigo gaúcho é a concorrência com o produto importado. Taxas cobradas na navegação de cabotagem e a cotação internacional fazem com que o grão produzido em outros países seja mais competitivo para os moinhos instalados principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste, destaca o presidente da Emater, Lino De David. O Brasil produz metade do que consome - fazendo, com isso, que o País seja o segundo maior importador do mundo - e a Argentina é responsável por 83% do que compramos no exterior.
Para o chefe-geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, o caminho para a sustentabilidade da produção de trigo no País passa pelo cultivo de variedades do tipo pão, destinadas à indústria de panificação. No Brasil, 55,6% da demanda está nesse segmento. Por isso, o investimento das instituições de pesquisa no desenvolvimento é nessa semente, que tem provocado uma transformação no produto colhido nas lavouras nacionais. Em 2006, a disponibilidade do tipo pão era de 39,1% no Estado e no ano passado chegou a mais de 90%. Entre 65% e 70% do trigo colhido no Rio Grande do Sul já é dessa variedade com maior mercado. "A panificação é o grande futuro do trigo no País", resume. A produtividade média no Estado neste ano foi de 2.746 quilos por hectare, 25,62% maior do que a estimada no início da safra.
Veículo: Jornal do Comércio - RS