Bianualidade do café tem efeitos amenizados

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A maior capitalização dos produtores mineiros e os investimentos nos cafezais fizeram com que as interferências da bianualidade negativa da cultura fossem amenizadas. De acordo com a quarta Estimativa da Safra de Café 2011, elaborada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de Minas foi estimada em 22,181 milhões de sacas na safra 2011.

A produtividade média do Estado atingiu 22,1 sacas por hectare, volume superior ao estimado anteriormente, de 21,68 sacas por hectare. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza uma redução da produção de café de 11,9%, ante queda de 13,82% estimada no terceiro levantamento.

Segundo a assessora técnica da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Márcia Aparecida de Paiva Silva, o decréscimo se deve basicamente à bianualidade negativa da cultura.

"A queda da produção é justificada pelo período produtivo negativo dos cafezais. A interferência foi, em parte, minimizada pelas boas condições climáticas ao longo da safra e pela maior capitalização dos produtores, que vêm recebendo mais pelo grão desde meados de 2010. Para o próximo período é esperado aumento da safra, que será proporcionado pelo melhor manejo e pela bianualidade positiva", avalia.

O levantamento da Conab apontou que em Minas as condições climáticas beneficiaram os cafezais a partir de meados de outubro de 2010, período pós-florada, fato que, asssociado ao incremento dos tratos culturais, favoreceu o desenvolvimento das flores e frutos, propiciando o aumento produtivo dos cafezais.

No entanto, o veranico de aproximadamente 30 dias observado em todo o Estado, durante os meses de janeiro e fevereiro, afetou de forma diferenciada as lavouras, com maior impacto nas regiões Sul e Cerrado, causando diminuição na produtividade inicialmente esperada, em razão da queda na renda do café durante o beneficiamento.

A colheita foi iniciada em maio. O clima seco e os cuidados pós-colheita contribuíram para a obtenção de um produto de boa qualidade. O café colhido vem apresentando boa bebida, embora com redução da peneira média nesta safra.


Regiões - A Conab detalhou os dados da safra em três regiões de Minas: Sul, Cerrado e Zona da Mata. Os dados regionalizados servem como indicativo de tendência para a produção do Estado, podendo ser utilizados pela cadeia produtiva em análises conjunturais e planejamentos estratégicos.

Nesta previsão da safra de café em 2011, além da estimativa de produção das regiões Zona da Mata e Cerrado, o Sul de Minas foi dividido em três sub-regiões de produção, devido à diversidade climática e de manejo das lavouras.

Segundo o levantamento, no Sul do Estado, sub-região da Serra da Mantiqueira, a área em produção é de 48,440 mil hectares. A estimativa de produção é de 865,294 mil sacas. A produtividade média gira em torno de 18,07 sacas por hectare, contra 17,75 da safra anterior.

O veranico da segunda quinzena de fevereiro prejudicou o enchimento dos frutos, ocasionando menor rendimento no beneficiamento do produto, o que resultou em uma quebra de 2,56% na produção, quando comparada com o levantamento realizado em abril.

Na subdivisão Centro-Sul, a área em produção estimada para a safra de 2011 foi de 503,868 mil hectares. A estimativa de produção é de 1,336 milhão de sacas, com produtividade média de 24,99 sacas por hectare, contra 23,69 da safra anterior. Os efeitos da bianualidade foram revertidos em alguns municípios, devido aos tratos culturais diferenciados.

Já na subdivisão Sul e Sudoeste a área ocupada pela cultura é de 503,868 hectares. Na região, a produção foi de 3,337 milhões de sacas, com produtividade média 19,23 sacas por hectare.

O levantamento aponta para um decréscimo na produção de 30,22%, em relação à safra colhida em 2010, e de 5,27% quando comparada a avaliação atual com a realizada em abril. A redução se deve à má distribuição das chuvas em diversos municípios da região e ao veranico, superior a trinta dias, ocorrido a partir de janeiro, o que afetou o enchimento dos frutos.

Na região também ocorreram duas geadas, nos meses de junho e agosto, atingindo em sua grande maioria lavouras cultivadas em áreas baixas. A geada e o friom prejudicam a florada e a vegetação dos cafezais, podendo ocasionar menor produtividade na próxima safra.

No Cerrado mineiro o clima comprometeu as previsões iniciais de produção de café. Os dados obtidos no levantamento apontam para uma redução de aproximadamente 29% em relação à safra 2010. A queda se deve à menor renda obtida no beneficiamento do café. Foi necessário mais café em casca para se obter um saco de café beneficiado. Contrariando as expectativas, as condições climáticas acabaram por prejudicar a produtividade das lavouras na região do Cerrado.

O veranico de aproximadamente 40 dias, entre janeiro e fevereiro, seguido de chuvas excessivas ao longo de março, aliado a altas temperaturas, dificultou os tratos culturais das lavouras em um período crítico de enchimento do grão, provocando menor rendimento no beneficiamento do café, o que resultou em grãos menores e maior quantidade de casca. Com a bianualidade da cultura, a redução estimada para a safra atual é de 29,2%, quando comparada à safra anterior, com produção de 10,4 milhões de sacas.

Na Zona da Mata, Leste, Mucuri, Jequitinhonha e Norte os levantamentos de campo apontam para uma produção de 2,6 milhões de sacas nos municípios visitados, um aumento de 11,69% quando comparada com a safra anterior, invertendo a tendência de baixa da produção esperada para a atual safra.

O incremento da produção se deve às condições climáticas favoráveis observadas a partir de outubro de 2010, às duas boas floradas ocorridas em grande parte das lavouras da região e à retomada dos tratos culturais incentivados pela recuperação dos preços do café. A colheita teve início na última semana de abril e se intensificou ao longo de maio, junho e julho.

Além dos efeitos climáticos, a redução dos efeitos da bianualidade dos cafezais da Zona da Mata é provocada por diversos fatores, dentre os quais se destacam o manejo de podas nos cafeeiros e o constante sistema de renovação das lavouras.

Nas regiões Norte e Jequitinhonha, a situação climática em 2010 foi favorável. Em março ocorreram precipitações consideráveis, recuperando grande parte das lavouras que sofreram com a estiagem. O clima contribuiu para maior uniformidade das floradas, e os frutos provenientes da primeira florada foram os que mais sofreram com a estiagem. No entanto, a segunda florada foi beneficiada com o clima a partir da segunda quinzena de fevereiro. A qualidade dos grãos ficou de razoável a boa e melhor do que na safra passada.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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