Comércio deve ter início de ano fraco

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Lojas aumentam período e porcentual dos descontos para atrair consumidores


As vendas do comércio devem ser mornas nos primeiros meses do ano. O início de 2012 será mais fraco e o setor só deve ter resultados melhores no fim do primeiro semestre, ao contrário do que ocorreu no ano passado. O desaquecimento do comércio obriga grandes redes e lojas a aumentarem o período de promoções e o valor dos descontos.

No Natal, as vendas do comércio ficaram abaixo do esperado, frustrando a maioria das apostas. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), por exemplo, previa uma alta de 8%, entretanto, as vendas cresceram 2,3%. Segundo o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, os descontos atuais de algumas redes estão bem agressivos. "Frustradas as expectativas para o Natal, sobraram saldos nos estoques", disse. "Alguns setores estão com descontos de até 80%", afirmou.

Para o economista Emilio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as vendas serão mais fracas no início do ano, mas vão acelerar com a proximidade do fim do primeiro semestre, sobretudo, por causa de datas comemorativas como o Dia das Mães e dos Namorados. "A economia vai começar de maneira fraca e deve acelerar ao longo do ano, no fim do primeiro semestre", disse Alfieri. Em dezembro, as vendas cresceram 2,1%, segundo a ACSP. No ano, elas aumentaram 4%.

A expectativa da ACSP para este ano é de um crescimento intermediário entre os resultados de 2010 (alta de 13,4%) e de 2011. "Só muda alguma coisa com um agravamento da crise europeia, com algum país saindo da zona do euro, por exemplo", afirmou.

Impulso. Para a Fecomércio, outro fator que deve impulsionar as vendas no decorrer do ano é o aumento das medidas de acesso ao crédito e, consequentemente, do potencial de compra do consumidor, que, no início do ano, costuma estar endividado. "A partir de março, tudo começa a ficar mais leve para o consumidor", disse Fernanda Della Rosa, economista da Fecomércio.

Na avaliação da entidade, as vendas do Natal tiveram resultado dentro do esperado - aumento de 3,4%, enquanto a expectativa era de uma alta entre 3% e 4%.

Com o incentivo ao crédito, Fernanda lembra das seguidas reduções da Selic, iniciadas em agosto do ano passado. "Além disso, a massa salarial vem crescendo e a taxa de desemprego está controlada", acrescenta.

O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, também acredita que as medidas de acesso ao crédito devem impulsionar o setor. Ele lembra que o fortalecimento do mercado interno é importante para blindar o Brasil dos efeitos da crise internacional. Para este início de ano, Sahyoun prevê uma "liquidação mais arrojada do ponto de vista do desconto" por causa do aumento da oferta - foram a inaugurados 36 empreendimentos no ano passado - e dos estoques remanescentes do Natal.

Redes. As principais redes do País estão aproveitando o término das festas de fim de ano para diminuir os preços dos produtos com as tradicionais promoções. O Ponto Frio inicia hoje a "Grande Liquidação" com descontos de até 70% e, desde de segunda-feira, as Casas Bahia realiza a "Primeira Grande Liquidação Anual". As grandes redes do comércio já haviam realizado promoções similares na semana seguinte ao Natal.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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