Alimentos e Bebidas: Companhias preparam aumento de preços

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Mais de 40% das fabricantes e varejistas de alimentos e bebidas pretendem aumentar os preços dos seus produtos este ano. Nos demais setores, essa expectativa atinge um número menor de empresas, 29%. Os dados pertencem à pesquisa International Business Report (IBR), da consultoria Grant Thornton, realizada com 513 companhias do setor de alimentos e bebidas, em 39 países no ano passado. Considerando os cinco setores analisados no levantamento global (alimentos e bebidas, manufatura, varejo, imobiliário e serviços), 11 mil empresas integraram o estudo, que entrevistou os principais executivos das companhias que têm entre 50 e 500 funcionários.

O Valor teve acesso à pesquisa sobre o setor de alimentos e bebidas, da qual participaram 40 brasileiras. Nesse mercado, apenas 12% das empresas esperavam aumentar os preços em 2011, número que saltou para 41% este ano. "As companhias sentem a pressão inflacionária, que parte principalmente das commodities agrícolas, e sabem que não vão mais absorver o aumento de custos", diz Javier Martinez, diretor do IBR na América Latina.

Brasil deve ser destaque nas operações de fusão e aquisição, por conta do interesse de múltis em atuar no país

O reajuste de preços faz com que 62% das empresas de alimentos e bebidas esperem faturar mais este ano que no ano passado. No entanto, apenas 40% delas acreditam que vão registrar também um lucro maior nos próximos meses. "Isso significa que os empresários estão preparados para ver sua margem diminuir no curto prazo", afirma Martinez. "Por conta da concorrência, as fabricantes e varejistas não vão repassar todo o aumento de preços que deveriam, para compensar a pressão inflacionária que vem das commodities e dos reajustes salariais", diz o consultor.

A busca por ganhos de produtividade e corte de custos se torna fundamental em um momento de margens apertadas. Mas essa não é a única saída estudada pelas empresas de alimentos e bebidas. Em um cenário de desaceleração das vendas, é crescente a tendência de fusões e aquisições no setor, aponta o levantamento. Entre as 513 companhias entrevistadas, 17% indicaram as operações de fusões e aquisições como prioridade para os próximos meses. Segundo Martinez, esse movimento tende a ser expressivo no Brasil.

"Entre os países emergentes, o Brasil é o que chama mais a atenção das multinacionais no setor de alimentos e bebidas. Existem diversas operações de 'due diligence' em andamento". Segundo o consultor, uma delas, encabeçada pela Grant Thornton, envolve uma fabricante de bebida alcóolica.

Entre as tendências que serão perseguidas pelos empresários do setor nos próximos meses, estão desde produtos prontos, mais baratos e de marca própria, até alimentos mais saudáveis, cuja produção envolva práticas responsáveis social e ecologicamente. "Os produtos de apelo saudável, que costumam ser mais caros, são naturalmente voltados para as classes A e B", comenta Martinez, a respeito da tendência mais citada pelos entrevistados.

Só nos Estados Unidos, as vendas de comida e bebida orgânicas saltaram de US$ 1 bilhão em 1990 para US$ 26,7 bilhões em 2010, segundo o estudo da Grant Thornton, citando dados da Organic Trade Association. Mesmo em 2010, quando a economia americana já estava em recessão, a venda de produtos orgânicos subiu 7,7% sobre 2009. O próprio relatório lembra, no entanto, que poucos mercados no mundo são tão desenvolvidos na venda de orgânicos quanto os EUA.

O maior número de pessoas optando por comer em casa - seja pelo prazer de cozinhar, ou simplesmente, para cortar gastos com restaurantes - também é um dos comportamentos observados pelo setor com atenção.

Outra tendência na mira dos empresários está nos consumidores em viagem dentro do país. "Há muitos postos de combustível abrindo às margens das rodovias, o que pode gerar uma oportunidade de negócio interessante para os fabricantes de alimentos e bebidas", diz Martinez.

O retorno das comidas congeladas, que foram um sucesso nos anos 80 e 90, é mais um movimento que chama a atenção, por conta da praticidade e ganho de tempo para o consumidor. A diferença agora é que elas precisam ser mais elaboradas e custar menos.


Veículo: Valor Econômico


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