Volta às aulas traz novo fôlego às papelarias

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Movimento de consumidores para a compra de material escolar já aumenta nas livrarias.


O consumidor está em pleno período de compras de material escolar, "época de ouro" para as papelarias, conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Escolar e de Papelaria de São Paulo e Região (Simpa-SP), Antonio  Martins Nogueira. Segundo ele, em muitos dos aproximados 27 mil estabelecimentos brasileiros do gênero, as vendas do período chegam a representar até 30% do faturamento anual.
 
Para o consumidor, acrescenta Nogueira, estas compras podem significar economia, porque o lojista, ao repor o estoque de ocasião (geralmente adquirido a partir de setembro do ano anterior), terá que absorver a inflação do período. Entre os desafios de 2012 para o setor, o executivo destaca a busca de isenção de tributos para o "kit escolar". A expectativa do Simpa–SP é que pelo menos o governo paulista conceda o benefício. Há projeto com esse teor no âmbito federal, justifica, "mas ele está parado".
 
Mercado – Para suprir as demandas do período de volta às aulas, as papelarias trabalham com produtos básicos e itens de maior valor agregado, pela incorporação de licenciamentos no seu visual. "Atualmente, a moda também aparece no material escolar", comenta Nogueira, se referindo aos personagens de filmes e desenhos animados que estampam,  além do vestuário infanto-juvenil, mochilas e cadernos.
 
A brevidade imposta pelas tendências de moda, segundo análise do presidente do Simpa, contribuiu para que as papelarias se reestabelecessem no mercado, especialmente ao longo dos últimos três anos, depois de serem fortemente afetadas pela oferta de material escolar gratuito aos alunos de escolas públicas e pela concorrência de grandes varejistas.
 
"O setor industrial percebeu a nossa importância para colocar os produtos no mercado, nos procurou, fez reuniões e começou a investir", sintetiza Nogueira.
 
A parceria com a indústria, no âmbito do Simpa, resultou em ações que ajudam o lojista a conhecer e entender os lançamentos – por meio de visitas às fábricas; "palestras motivacionais"; além de ações pontuais, envolvendo exposição de diferentes fornecedores, com vantagens de preço e prazo às papelarias que efetuam compras durante o evento.
 
Nogueira planeja, para este ano, organizar cerca de oito exposições desse tipo. Além disso, quer intensificar parceria com o Senac, por meio da qual testou, em novembro último, projeto de formação de mão de obra para o setor. A atuação no ramo, enfatiza, requer muita dedicação; paixão pelo negócio e sintonia com as novidades.
 
Ele explica que só na Capital paulista existem cerca de 2,1 mil papelarias, majoritariamente micro ou pequenas empresas. No estado, elas são aproximadamente 12 mil. Entre 2006 e 2007, segundo contabilidade do Simpa, pelo menos 3 mil papelarias fecharam as portas, fragilizadas especialmente pelo kit escolar gratuito. A ampliação do mix, com produtos para escritório, informática e presentes contribuiu para a sobrevivência do setor.

Tendência – "A papelaria, sem outros produtos, não sobrevive", comenta a diretora de marketing da Foroni, Marici Foroni, terceira geração à frente de um negócio criado há 86 anos no Brasil. A empresa, conforme explica a executiva, se dedicou inicialmente à fabricação de material para escritório (livros contábeis e fiscais, entre outros), mas atualmente tem nos cadernos escolares o carro-chefe do negócio, em volume em faturamento.
 
A Foroni vende para o estudante, por meio do varejo; ao governo (disputando licitações); e ao mercado externo, que já representou entre 30% e 40% do faturamento da empresa. Atualmente, com o dólar desfavorável às exportações, a empresa está mais voltada ao mercado interno, com lucro impulsionado especialmente pelos cadernos com licenciamentos.
 
"Todos os anos fazemos algum lançamento". A executiva conta que para 2012, por exemplo, as meninas encontram no verso do caderno da Barbie, um código que lhes dá acesso, na internet, a um portal e à decoração de uma camiseta. "A equipe de design da C&A vai selecionar a melhor criação e a camiseta será produzida. A moda está em alta entre as meninas", ratifica Marici.
 
Para os meninos, o livro Carros  remete a um link que permite pilotar o veículo.
 
Além do consumidor, é importante estreitar relações com o ponto de venda. "O Brasil é muito grande e as grandes redes estão basicamente nas capitais e grandes cidades", justifica Marici. A Foroni tem carteira de 8 mil clientes ativos. "Fazemos parcerias, com apoio de material de ponto-de-
 
Cooperação viabiliza sobrevivência
 

O associativismo tem sido implementado no universo das papelarias como instrumento para viabilizar a sobrevivência do negócio. A operação totalmente independente, nesse ramo, está com os dias contados, opina o presidente da Rede Brasil Escolar, Antonio Sereno.
 
A rede, criada há 22 anos, atua com cerca de 200 papelarias, mas já teve 560 associados. Muitos deixaram o ramo, mas as saídas ocorreram, especialmente, pela inviabilidade que existia na implementação da central de compras da rede. "Atualmente podemos fazer compras conjuntas. As regulamentações (nos Estados e municípios) da Lei da Sociedade de Propósito Específico (a SPE, de 2008) permite isso", festeja o executivo.
 
No formato anterior, compara, a Rede Brasil Escolar funcionava mais como uma central de negócios. Ela negociava com o fornecedor em nome dos associados (todos operando como papelarias independentes), mas as compras aconteciam de forma fragmentada, para evitar a bi-tributação. "Era complicado. A indústria não entendia muito a operação e tinha problema com o cliente pequeno que não era nosso associado, mas queria os mesmos descontos". Agora, com a SPE, a central pode fazer as compras e distribuir os pedidos aos associados, sem risco de bi-tributação.
 
Comodidade – O efeito positivo, no entanto, só tem valor efetivo no conjunto, ressalva Sereno. "Para o dono de papelaria, não interessa só a vantagem de preço em um item isolado, mas todas as condições", justifica o executivo. Entre elas, a facilidade de se finalizar os pedidos por meio de um canal online 24 horas com todos os 120 fornecedores da rede. "70% dos nossos pedidos são fechados à noite", exemplifica.
 
A rede também compartilha material de ponto-de-venda para datas sazonais e se beneficia da troca de informações. "Sozinho, fica cada vez mais difícil de se trabalhar com uma papelaria", opina Sereno. A tendência, compara, é o setor se consolidar, como já aconteceu com as farmácias e lojas de material de construção.
 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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