A Viacom Networks Brasil, distribuidora no País de marcas como Nickelodeon, Vh1 e MTV Hits, realizou a pesquisa "A Nova Dinâmica Familiar". Entre os destaques observados no estudo, Beatriz observa o surgimento de três perfis de família na sociedade brasileira: Mãe Malabarista, Pais/Mães "Brothers" e Pai Atuante.
"A pesquisa faz parte de um projeto que começou em 2006 com outros estudos. O objetivo é entender cada vez melhor o comportamento de nossa audiência no Brasil", afirma a gerente de pesquisa da Viacon, Beatriz Mello.
A Mãe Malabarista corresponde ao maior segmento. Este tipo representa 59% dos entrevistados. Caracteriza-se por famílias em que as mães acumulam a função materna e as responsabilidades profissionais, muitas vezes administrando a casa e a vida dos filhos à distância. O pai é mais distante ou autoritário.
Já o tipo Pais/Mães "Brothers" representa 22% das famílias entrevistadas. Neste segmento, os pais confundem afeto com falta de limite e procuram compensar a ausência física com a diversão, deixando a autoridade seriamente comprometida. Os pais se consideram amigos das crianças, que sentem falta do real papel de pai e mãe.
No caso do Pai Atuante, este modelo representa 19% dos entrevistados. Nele, o pai divide as funções de cuidado da casa e dos filhos com a mãe. Ele mantém sua autoridade, mas tem maior proximidade com os filhos do que nos dois modelos anteriores.
"Da mesma forma que há alguns anos as mulheres entraram no mercado de trabalho, hoje os homens estão entrando no mercado doméstico, daí a tendência de crescimento do tipo de família com o pai atuante", afirma Beatriz.
A executiva lembra também que um fator importante no estudo foi entender a família também pelo olhar do filho. "Incluímos na pesquisa a opinião das crianças. Um dado importante obtido com o estudo é que elas acham melhor a qualidade do tempo em que ficam com os pais do que a quantidade. Diferentemente de alguns pais, que ainda valorizam a quantidade", afirma. Outro dado importante levantado durante o estudo mostra que os filhos compreendem o fato de as mães terem que trabalhar fora e lidam bem com isso, enquanto que as mães ainda se sentem culpadas com essa situação.
Essa nova dinâmica familiar revela que a essência das funções materna e paterna permanece a mesma, mas as maneiras de atuar nestes papéis têm sofrido mudanças relevantes. Apesar de estar cada vez mais atuante no mercado de trabalho, a mãe continua sendo a responsável pela organização e administração da casa (cuidados cotidianos) e pelo bem-estar emocional, afeto e proteção dos filhos.
Em contrapartida, a atuação dos pais está em plena transformação, em busca de maior proximidade com os filhos. Eles ainda conservam a responsabilidade pela transmissão de valores éticos e morais, autoridade e exemplo de conduta.
As crianças também mudaram e, com maior acesso às informações, têm maior poder de verbalização e argumentação, influenciando diretamente as decisões familiares. Para 56% dos pais entrevistados, os filhos ajudam a definir o destino das férias , a decoração do quarto e até mesmo o modelo do automóvel da família. Os pais também admitem estar aprendendo cada vez mais com os filhos, 41% dizem que são os filhos os grandes especialistas em celular da casa. Por outro lado, os pais ainda têm muito a ensinar: os filhos afirmam que aprendem sobre limites e experiência de vida com eles.
Segundo o diretor nacional de mídia da Ogilvy&Mather, Gustavo Gaion, a pesquisa confirma o que o mercado já percebia intuitivamente. "Percebemos uma transformação da família não só no comportamento, mas também no consumo de mídia", afirma.
Gaion completa dizendo que hoje se percebe uma transferência de conhecimento dos filhos não só no que diz respeito à tecnologia, mas, e principalmente, na área sócio-ambiental, além disso os filhos influenciam e têm cada vez mais voz ativa nas decisões domésticas. "Com essa percepção, diferentes setores da economia começam a ter como estratégia a abordagem do público infantil", comenta o executivo.
Ele lembra que com a nova família, o que se percebe é que o consumo de mídia no domicílio está cada vez mais fragmentado, uma vez que cada um possui sua TV e seu computador e os jovens são multitarefas. "Daí a importância da relevância da mensagem que está sendo passada e também do momento em que o consumidor está propenso a receber aquela mensagem", diz Gaion.
Os dados do estudo foram coletados nos meses de junho e julho de 2008 nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O estudo foi encomendado à Research International Brasil e mais de 600 pessoas, incluindo pais e filhos foram entrevistadas por meio de metodologias quantitativas e qualitativas, de classe sócio-econômica A/B.
Veículo: Gazeta Mercantil