O celular vai brilhar no Natal brasileiro como nos últimos anos porque a indústria de telefones móveis resolveu bancar o dólar ao câmbio de R$ 1,90, a despeito de a moeda americana ter oscilado de R$ 2,10 a R$ 2,20 e até R$ 2,30 nas últimas semanas. A iniciativa foi da finlandesa Nokia, a maior fabricante de celulares do mundo, dona de 40% da produção global, ou 400 milhões de celulares este ano, em que o total produzido é estimado em 1 bilhão de aparelhos..
A companhia detectou a oportunidade de, mesmo enfrentando uma perda financeira, avançar sobre a participação de suas concorrentes no mercado doméstico, já que o abastecimento nas outras partes do mundo começava a despencar e indicava que haveria sobras de estoques.
Ao decidir fixar o câmbio em R$ 1,90 para suas clientes-operadoras, o que a Nokia não podia imaginar é que suas competidoras iriam segui-la no sacrifício, fato que ocorreu de forma abrangente para satisfação das operadoras móveis que têm no último trimestre sua principal época mais importante de vendas.
Portanto, o dólar parou em R$ 1,90 também para a Motorola, Samsung, LG e Sony-Ericsson, assim como para as fabricantes menores, de forma a manter cada uma na sua fatia original de mercado.
Neste ano, por uma conjunção de diferentes motivos, a telefonia celular está envolvida num movimento de grande competição no País, com a tecnologia de terceira geração (3G) sendo implantada e consumindo recursos bilionários das operadoras. Também contribuiu para o acirramento da concorrência a entrada da quarta operadora em regiões distintas do País, a exemplo do desembarque da Vivo no Nordeste, da chegada da Claro no Norte, e da estréia da Oi em São Paulo.
A pré-fixação do dólar permite ao setor do Brasil ficar imune à crise mundial dos mercados financeiros, que já atingiu o bolso do consumidor americano e igualmente do europeu, mas não vai repercutir no Natal dos celulares brasileiros, cujas vendas prometem atingir 50 milhões de unidades este ano, além de 2 milhões em modens de banda larga móvel da terceira geração.
As operadoras já estão devidamente estocadas e pagaram pelos telefones o dólar subsidiado pelas fornecedoras. As compras foram feitas em setembro e garantiram que o celular permaneça o presente de Natal mais desejado, como nos últimos anos tem acontecido.
Não se poderá dizer o mesmo de televisores e outros eletrônicos, cujas fabricantes não conseguiram entrar em acordo embora tenha havido uma tentativa de subsídio ao dólar. No caso dos telefones, o conteúdo importado é de até 80%..
Veículo: Gazeta Mercantil