O amendoim que tão bem acompanha o chope ou que deixa mais crocante o chocolate está mais caro. Os preços no mercado internacional estão disparando para deleite dos produtores no Brasil. Apesar da estiagem que atinge parte do sul do Estado de São Paulo, a previsão é de que o país colha neste ano a maior safra desde 1981.
O plantio, iniciado em setembro passado, foi de 115 mil hectares, 15% mais do que no ciclo anterior, estima a Coplana, a maior cooperativa de amendoim do país, com sede em Jaboticabal (SP). O Estado de São Paulo representa cerca de 80% dessa área, graças à parceria com os canaviais, cuja renovação é feita com amendoim.
Preços elevados vêm sendo registrados há alguns anos, fruto, em grande parte, do aumento da população da China. Apesar de ser o maior produtor mundial de amendoim com mais 13 milhões de toneladas, o país asiático perdeu para a Argentina o posto de maior exportador e deve, em um futuro próximo, tornar-se importador.
Mas em 2011, foi a quebra na safra de amendoim dos EUA - e também da Argentina - que fez os preços internacionais dispararem (veja texto abaixo). Para o Brasil, que exporta 25% de sua produção, essa alta traz um certo alívio, sobretudo porque, a grande safra que deve ser colhida a partir de fevereiro no país traz incertezas sobre o comportamento dos preços. "As grandes indústrias estão abastecidas, pois compraram com antecedência. O que elas adquirirem este ano será residual", diz o superintendente da Coplana, José Arimatéa Calsaverini.
A estimativa da cooperativa é de que o país vai colher em 2011/12 até 350 mil toneladas da leguminosa, 55% mais do que os 225 mil toneladas do ciclo passado. Na lista dos maiores produtores mundiais, o Brasil está na 17ª posição, atrás de China, Índia e Estados Unidos, além da Argentina. Segundo a holandesa B&F Trade Agency, o Brasil é hoje o quinto maior exportador da leguminosa no mundo.
Se for confirmada, a produção no Brasil nesta safra será a maior desde 1981, quando o país produziu 354,9 mil toneladas.
O auge do amendoim no Brasil foi na década de 1970. O pico da produção nacional foi em 1972: 956,2 mil toneladas. A oleaginosa era largamente usada na produção de óleo comestível, papel que a partir dos anos 1980 passou a ser da soja. A matéria-prima perdeu espaço depois que um fungo, a aflatoxina, quase dizimou as lavouras de amendoim do país.
Atualmente o amendoim do Brasil tem qualidade para atender desde a indústria de 'snacks', que exige grãos inteiros e claros, até a de doces de menor valor agregado, como paçocas. Uma pequena parte é esmagada para produção de óleo e ração.
Desde o "renascimento" do amendoim no Brasil, a partir de 2000, a produção cresceu mais de 75% e a produtividade avançou 60% com uso de mais tecnologia.
No entanto, por ainda não ser uma commodity, a leguminosa não tem formação de preço em bolsa. Essa equação é uma mistura das produções argentina, americana e do consumo europeu, explica Calsaverini.
A Coplana, cuja sigla remete à atividade canavieira (Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba), prevê que seus mais de 160 produtores associados colham 65 mil toneladas de amendoim em casca nesta safra. Cerca de 26 mil toneladas devem ser exportadas. "Do total de embarques, 60% estão com preços fixados a valores próximos de US$ 2,3 mil a tonelada", diz o executivo.
Ele estima que o país todo deve exportar 65 mil toneladas de amendoim no ciclo atual, 18% mais do que as 55 mil toneladas da temporada passada.
Hoje, o maior cliente do Brasil é o maior importador mundial de amendoim, a União Europeia, que compra por ano, de todos os seus fornecedores no mundo, 825 mil toneladas. Depois da UE, os maiores importadores são Japão, Rússia, Indonésia, Canadá e México.
Veículo: Valor Econômico