Na Lenovo, plano é ir além do computador

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Depois de telefones e tablets, companhia chinesa ingressa na disputa pelo mercado de TVs

 

O chinês Yang Yuanqing pode não ser tão conhecido quanto Meg Whitman (Hewlett-Packard), Paul Otellini (Intel) ou Steve Ballmer (Microsoft), mas quer transformar sua empresa - a Lenovo - em uma força do setor tão abrangente quanto as empresas dirigidas por esses executivos. "Nosso principal objetivo é assumir a liderança do mercado", diz Yang ao Valor.

 

A Lenovo é a segunda maior fabricante mundial de computadores - à frente de companhias como Dell e Acer -, mas o plano de Yang é levar a marca a outros setores. Nos últimos dois anos, a companhia ingressou nas áreas de smartphones e tablets e, agora, está estreando em TVs. Os primeiros modelos de televisores, de 42 e 55 polegadas, foram apresentados nesta semana na Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas. Os aparelhos são equipados com o sistema operacional Android, do Google, e funcionam com processador da Qualcomm. Os dois componentes são tradicionalmente usados em telefones celulares.

 

De acordo com Yang, a estratégia das quatro telas (computadores, smartphones, tablets e TVs) é uma evolução natural para a Lenovo. "O smartphone é um PC com tela menor. A TV é um PC com a tela maior", diz. Cada produto, no entanto, tem sua aplicação específica. "As pessoas têm necessidades específicas, mas se você tiver dinheiro suficiente, vai querer comprar todo tipo de equipamento, ou até mais de um", afirma. As principais tendências, diz ele, incluem a leitura de publicações e a exibição de vídeos nos tablets e a transmissão de vídeo sob demanda nas TVs.

 

No caso da televisão, a Lenovo quer fazer acordos com criadores de conteúdo para oferecer programação diretamente nos aparelhos. Dessa forma, quando comprar uma TV da empresa, os consumidores terão acesso instantâneo a bibliotecas de vídeos, independentemente dos serviços de TV a cabo, ou da transmissão de vídeo pela internet, como fazem a Netflix e a NetMovies.

 

No cargo de executivo-chefe há dois anos e nomeado presidente do conselho da empresa há menos de seis meses, YY (lê-se uai-uai), como é conhecido na empresa, foi um dos grandes responsáveis pelas decisão de internacionalizar a companhia chinesa. No ano fiscal 2011, encerrado em maio, a Lenovo teve mais da metade de seu faturamento de US$ 21 bilhões originado em mercados maduros, como Europa e Estados Unidos, e nos países emergentes. A China respondeu por US$ 10 bilhões.

 

Na empresa desde 1989 - quando ela ainda se chamava Legend - Yang é apontado como o responsável pela conquista da liderança de vendas no mercado chinês (posição mantida até hoje, com 35% de participação).

 

Em 2005, quando comprou a divisão de PCs da IBM, por US$ 1,75 bilhão, a Lenovo não constava da lista das cinco maiores fabricantes mundiais. Com o negócio, assumiu a quarta posição, que pertencia à "Big Blue". Desde então, YY levou a companhia à segunda colocação global, com 13% de participação no terceiro trimestre de 2011, segundo a empresa de pesquisa IDC. Hoje, a Lenovo está apenas quatro pontos percentuais atrás da líder HP.

 

De acordo com YY, os negócios de computadores ainda serão a principal fonte de receita por muito tempo. O faturamento da companhia no ano fiscal 2010 foi de US$ 16,6 bilhões. A estratégia é defender esse negócio enquanto a Lenovo ataca novos mercados. A estrutura foram separada em duas áreas: uma voltada aos negócios tradicionais, e outra para celulares, tablets, casa digital e internet.

 

Quanto ao mercado brasileiro, Yang diz que os novos produtos vão demorar um pouco para chegar. "Nosso objetivo é crescer no mercado de computadores". A Lenovo é a 7ª colocada no mercado brasileiro. A maior parte das vendas é destinada a grandes empresas. Para 2012, a companhia planeja ampliar sua presença no varejo.

 

Há quatro anos, a Lenovo fez uma proposta de compra à brasileira Positivo, mas o negócio não foi fechado. Segundo Yang, não há nenhum comentário novo a fazer sobre o assunto. Mas ele não descartou a possibilidade de comprar uma empresa brasileira. "Nunca deixamos de avaliar essa opção. Mas tem que ser uma boa oportunidade com um bom preço".

 

Veículo: Valor Econômico


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