Guerra de chips em PCs avança para eletroeletrônicos

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Com poucas novidades expressivas, além dos computadores leves e finos batizados de ultrabooks, a atual edição da Consumer Electronics Show (CES), que termina hoje em Las Vegas, pode não ter sido suficiente para impressionar o mundo da tecnologia.

Se por um lado desapontou os mais ávidos pela última palavra em produtos eletrônicos por um lado, por outro, o evento serviu para marcar um novo capítulo de uma disputa recente, que já ficou conhecida como a "nova guerra dos chips".

Uma referência à batalha entre Intel e AMD pela liderança no fornecimento de processadores para PCs durante a década de 90 e o início dos anos 2000, a disputa atual vai além dos computadores. A batalha é para definir quem será o principal fornecedor de componentes que farão funcionar carros, geladeiras, TVs e quaisquer outros dispositivos.

Depois de dois anos de expectativas, a Intel finalmente mostrou o primeiro smartphone equipado com um de seus componentes, o K800, da Lenovo, que chega ao mercado chinês no segundo semestre. A Qualcomm anunciou novidades nos trabalhos com a Microsoft para adaptar o sistema operacional Windows para o mundo dos dispositivos móveis. A Nvidia mostrou a terceira geração de seu chip Tegra.

Está em jogo a liderança de um mercado que poderá crescer mais de cinco vezes nos próximos oito anos. A estimativa da Ericsson é de que até 2020 o número de dispositivos conectados no mundo passará dos atuais 7 bilhões para 50 bilhões. O número inclui desde telefones e computadores até eletrodomésticos, carros, lâmpadas, sapatos e afins. Ao seu modo, cada um desses itens precisará de componentes que permitam a eles se conectarem a redes, exibir informações e até processar alguns dados.

Nos estandes de muitos dos 3,3 mil expositores da CES, vários desses produtos foram apresentados. A maioria equipada com componentes da Qualcomm, Nvidia, ou da Marvell Technologies, que usam tecnologia da inglesa ARM para fabricar seus chips - a Intel usa outro padrão, conhecido como x86. "[Os componentes baseados na tecnologia ARM] permitiram que os fabricantes desenvolvessem uma nova linha de produtos que não era possível criar no passado", disse Yang Yuanqing, executivo-chefe da Lenovo, durante coletiva de imprensa na CES, segunda-feira.

Entre os tablets, os processadores ARM respondem por 90% do total, segundo estimativas de mercado. Nos smartphones, a disputa concentra-se mais efetivamente entre Nvidia e Qualcomm. Nesse campo, a entrada Intel não parece assustar os concorrentes.

Mas a chegada do gigante Intel - detentora de 80% do mercado de chips para PCs e dona de uma receita líquida de US$ 43 bilhões em 2010, dez vezes superior à da Nvidia e quase três vezes maior que a da Qualcomm - na disputa por mercados como o dos smartphones não parece assustar Jen-Hsun Huang, fundador e executivo-chefe da Nvidia. "Os processadores ARM e os aplicativos que funcionam neles já estão disponíveis. Se você pensar em termos de escala, quem vai querer apostar em um ambiente totalmente novo?", disse ao Valor após encontro realizado com a imprensa ontem.

Na avaliação do executivo, o poderio econômico da Intel sozinho não será suficiente para garantir um espaço para a companhia nesse disputado mercado. "É muito difícil criar incentivos financeiros suficientes para convencer desenvolvedores e consumidores a mudar de algo que já se provou eficiente", disse. As respostas para dúvidas como essa servem de chamariz para a próxima edição da CES, que acontecerá em janeiro de 2013.


Veículo: Valor Econômico


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