O governo da Índia concordou com a abertura do setor varejista do país de forma a permitir o controle por estrangeiros de até 100% das lojas de marca única no país. A decisão almeja tranquilizar investidores internacionais de que o Partido do Congresso, governista, está comprometido em prosseguir com reformas essenciais.
A abertura permitirá que varejistas estrangeiras como Ikea, Adidas e Marks and Spencer, operem na Índia sem a necessidade de sócios locais.
A novidade chega depois de um sério golpe para os investidores em 2011, quando políticos indianos proibiram a entrada de supermercados estrangeiros, como Tesco e Walmart, considerados na Índia varejistas de marcas múltiplas, no lucrativo mercado varejista do país.
A perspectiva de que grupos estrangeiros pudessem ter até 51% de supermercados no país desencadeou protestos, tanto nas ruas como no fragmentado Parlamento indiano. Os opositores à ideia temiam que a entrada estrangeira pudesse prejudicar pequenos comerciantes e agricultores, destruindo empregos e empresas.
A decisão de acabar com as restrições ao varejo de marca única foi bem recebida pelos varejistas domésticos, já que veem a abertura como um passo importante em direção às reformas no setor de marcas múltiplas.
"É uma decisão bem-vinda, com claro potencial para melhorar o clima geral da economia", disse Rajan Bharti Mittal, vice-presidente e diretor-gerente da Bharti Enterprises, uma das maiores varejistas indianas. "Esperamos que a iniciativa seja precursora de uma maior liberalização no futuro."
"Aumentos nos investimentos das varejistas estrangeiras de marca única não apenas ajudarão a dar mais opções aos consumidores, mas também a melhorar a competitividade das empresas indianas, com o acesso a práticas de administração, tecnologias e projetos globais", afirmou Bharti Mittal.
A Ikea, varejista de móveis sueca, que ainda não tem operações na Índia, informou diversas vezes estar disposta a abrir lojas na terceira maior economia da Ásia. O executivo-chefe da Ikea, Mikael Ohlsson, já disse que sonha em vender seus móveis, que os próprios consumidores montam, à classe média indiana, cada vez maior.
"Queremos abertura na Índia", disse Ohlsson recentemente ao "Financial Times". "Há uma necessidade real de bons móveis residenciais de baixo preço na Índia."
A Marks and Spencer, uma das principais varejistas britânicas na Índia, depois da notícia, informou que continua comprometida em trabalhar com seu sócio indiano. De acordo com a empresa, em um país como a Índia, é útil ter um sócio que compreenda o mercado.
A decisão também deverá beneficiar os produtores indianos porque qualquer varejista estrangeiro terá de obter pelo menos 30% de seus produtos de pequenas empresas locais.
Veículo: Valor Econômico