Redução de 40%no valor do XBox, da Microsoft, abriu as portas do Walmart; Nintendo segue mesmo caminho
“As conversas com o governo sobre incentivo fiscal para fabricação no Brasil já duram mais de cinco anos”, desabafa o americano Bill Van Zyll, responsável pela operação da Nintendo na América Latina. O Ministério das Comunicações já confirmou que avalia sim políticas para este setor e analisa contrapartidas que devem ser pedidas para a indústria, mas enquanto isso não acontece, o setor se movimenta como pode para conseguir ganhar mercado no Brasil.
A principal estratégia dos grandes fabricantes, agora, é conseguir espaço no grande varejo, algo que começa a acontecer. O Walmart, por exemplo, iniciou em novembro do ano passado a vendas do Xbox 360, o console da Microsoft, em suas lojas físicas. A rede programa para o início deste ano a inclusão do Wii, da Nintendo, e do Playstation, da Sony, em seu portfólio de produtos. O motivo é simples: queda de preço.
No caso do Xbox, por exemplo, a diminuição foi de cerca de 40% de setembro para cá. Mesmo sem a definição sobre os possíveis incentivos para produção local, a companhia optou por dar início à fabricação no Brasil por meio de um parceiro, a Flextronics. Com isso, o valor do console caiu de R$ 1,3 mil para R$ 800, o que vem atraído os varejistas. “Acredito que até o fim deste ano os consoles possam ter nos grandes varejistas o mesmo espaço que hoje têm os PCs”, afirma Guilherme Camargo, gerente de Xbox na Microsoft. Ele conta que, com a queda do preço, outras redes passaram a se interessar pelo produto além do Walmart. É o caso das Casas Bahia.
A empresa, que tem foco na classe C, não oferecia o produto antes da queda no preço. Agora, ele está em todas as lojas, segundo a varejista.
A estratégia de aproximação das grandes redes é importante para que a indústria consiga ganhar mercado diante dos produtos piratas e contrabandeados.Segundo a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) o mercado brasileiro se mantém comercialmente em função apenas de 15% dos jogadores, enquanto o restante consome produtos irregulares.
Mercado americano
Para Van Zyll, da Nintendo, a diminuição de preços e a aproximação do varejo também são a saída para driblar o mercado cinza. Ele conta que, enquanto nos Estados Unidos o Walmart é um dos principais clientes, aqui estão apenas começando neste mercado. “Com mais pessoas entrando na classe média no Brasil e os preços dos consoles baixando, a categoria está se desenvolvendo”, diz.
No final de novembro a Nintendo baixou o preço do kit oficial brasileiro do Wii para R$ 699, mas mesmo com a redução o valor ainda está longe do praticado nos Estados Unidos, que é de US$ 150 (cerca de R$ 270). Lá, a fabricante vendeu 500 mil Wiis apenas durante a Black Friday, superliquidação posterior ao feriado de Ação de Graças, em novembro. Neste dia o Walmart, por exemplo, ofereceu o console da marca a
US$ 100, cerca de R$ 180.
E não é só em preço que os dois mercados diferem. De acordo com a consultoria Newzoo, os Estados Unidos têm cerca de 145 milhões de jogadores de jogos eletrônicos ativos, e no Brasil o número é de 35 milhões.
Veículo: Brasil Econômico