Seca na América do Sul faz grãos voltarem a subir

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Apesar das recentes chuvas em algumas regiões, a estiagem que ainda prejudica importantes polos produtivos da América do Sul continua a oferecer sustentação às cotações internacionais dos grãos. Ontem, na bolsa de Chicago, soja e milho voltaram a registrar expressivas valorizações, o que reavivou a curva ascendente observada desde meados de dezembro, quando ficou claro que a seca provocada pelo fenômeno La Niña geraria perdas em plantações de Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

Os maiores ganhos foram no mercado de soja. Os contratos para maio fecharam a US$ 11,9250 por bushel (27,2 quilos), alta de 24,75 centavos de dólar. Já os papéis do milho para entrega também em maio subiram 4,25 centavos de dólar, para US$ 6,1075 por bushel (25,2 quilos). Ambos ainda apresentam quedas acumuladas neste mês.

No "diário da seca" de ontem, uma das principais notícias foi a decisão do governo do Paraguai de decretar estado de "emergência alimentar" no país por 90 dias. No país, a seca prejudica a produção de soja e lavouras de subsistência de pequenos agricultores, que agora receberão sementes e alimentos não perecíveis enquanto durar o problema. Está sendo avaliada a renegociação das dívidas dos produtores com instituições financeiras estatais. O Ministério da Agricultura calcula que 40% dos cultivos de subsistência foram prejudicados. Para analistas, a situação vai reduzir o crescimento da economia paraguaia neste ano.

Também chamou a atenção dos traders em geral os ajustes promovidos pela publicação alemã "Oil World" em suas estimativas para as colheitas de soja na América do Sul. No Paraguai, a produção deverá diminuir de 8,4 milhões de toneladas, em 2010/11, para 6 milhões nesta temporada 2011/12.

Na Argentina, a projeção para 2011/12 recuou de 52 milhões para 50 milhões de toneladas, em linha com a previsão da indústria de processamento do país e com a recente correção feira pelo Departamento da Agricultura dos EUA (USDA) em sua estimativa (50,5 milhões).

Já o cálculo da "Oil World" para a colheita brasileira caiu de 72,8 milhões para 71 milhões de toneladas, próximo da previsão da Conab (71,8 milhões) e abaixo do número do USDA (74 milhões). Em 2010/11, a publicação alemã calculou a produção argentina em 49,2 milhões de toneladas e a brasileira em 75,3 milhões.

Se a oferta global de soja será menor do que o inicialmente previsto em 2011/12 com a seca na América do Sul, a demanda tende a aumentar, mais uma vez graças ao inesgotável apetite da China. A mesma "Oil World" acredita que as importações do país asiático crescerão até julho, ainda que grandes estoques do grão nos portos permitam que as compras sejam feitas sem "desespero".

Segundo a publicação, as importações chinesas de agosto de 2011 a julho próximo poderão somar 56 milhões de toneladas de soja em grão, ante as 53,1 milhões do ciclo anterior. A China é responsável por 60% das importações globais da oleaginosa. EUA, Brasil e Argentina, nesta ordem, são os principais países exportadores da commodity.



Veículo: Valor Econômico


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