Déficit comercial de higiene e beleza cresce no Brasil

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As importações brasileiras de perfumes, cosméticos e itens de higiene superaram em US$ 126 milhões as exportações em 2011. O ano marcou um aprofundamento no déficit comercial do setor, que foi de US$ 3 milhões em 2010, depois de oito anos consecutivos de superávits.
 
"Chamo isso de dores do crescimento. Hoje o Brasil é um dos maiores mercados potenciais no setor, enquanto diversos mercados americanos e europeus estão diminuindo de tamanho", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio.
 

De janeiro a dezembro, as importações do setor somaram US$ 880 milhões, um avanço de 26% sobre o ano anterior. Em 2010 elas já tinham dado um salto de 53%. Enquanto as importações aceleram, as exportações pisam no freio. Cresceram 9% em 2011, para US$ 754 milhões, abaixo da alta de 18% em 2010.

 

O maior abismo entre exportações e importações dá-se em perfumes e colônias. O mercado de fragrâncias somou sozinho déficit comercial de US$ 110 milhões no ano passado, quase igual ao de toda a balança do setor e 17% maior do que o de 2010.

 

O Brasil, maior mercado de perfumaria do mundo, produz 80% do que consome, segundo Basilio, mas não abre mão do perfume estrangeiro. As importações somaram US$ 116 milhões em 2011, enquanto os fabricantes nacionais exportaram apenas US$ 6 milhões.

 

"Muitas empresas estão trazendo de forma agressiva produtos que ainda não comercializavam no Brasil, mas com o objetivo de sondar o mercado para depois fabricar aqui", afirma Basilio. Há desafios para se instalar no país, como a alta carga tributária, mas, segundo o presidente da associação, os custos de frete e os limites da logística brasileira tornam a importação de grandes volumes insustentável. "Quem está nesse mercado já teve que importar, por exemplo, para atender ao Dia das Mães. Óbvio que essa antecedência é muito arriscada, você pode errar para mais ou para menos".

 

Somente a americana Procter & Gamble, que atua principalmente nos mercados brasileiros de higene, beleza e limpeza, somou importações de US$ 456 milhões em 2011, 26% mais do que em 2010. A empresa aparece na posição 70 da lista de principais importadoras do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

 

A Argentina é a principal origem das importações brasileiras de higiene e beleza. É de lá, por exemplo, que vieram 93% dos US$ 197 milhões em desodorantes que entraram no país em 2011. O país é também o maior parceiro em exportações do setor.

 

A França, de onde o Brasil importa a metade dos perfumes e colônias comprados no exterior, aparece como a segunda maior exportadora para o país.

 

Os produtos para cabelo lideram a lista de exportações brasileiras do setor. Foram US$ 193 milhões em 2011, 7% mais do que em 2010. As importações, entretanto, avançaram 24% no ano, para US$ 47 milhões, reduzindo o superávit. "Essa ameaça, ainda pequena, não tem justificativa para crescer", diz Basilio, confiante de que a condição de dólar barato, que aproximou os preços de importados e nacionais em 2011, não vai se repetir neste ano.

 

Apesar do aprofundamento do déficit, o Brasil subiu uma posição e chegou em 2011 a 25º no ranking de maiores exportadores de higiene e beleza. O objetivo das indústrias do setor é estar entre os 20 maiores até 2015, o que equivale a um crescimento médio de 17% ao ano.

 

 

Veículo: Valor Econômico

 


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