Ex-Nivea vai dirigir área de consumo da Hypermarcas

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A Hypermarcas, cujas ações têm sofrido um intenso processo de desgaste na bolsa, anunciou ontem alterações no comando da companhia como parte de um plano de mudanças traçado meses atrás, apurou o Valor.

O novo presidente da divisão de consumo da empresa será Nicolas Fischer, até agora presidente da Nivea no Brasil, considerado pelo mercado como responsável por tornar a subsidiária brasileira na segunda maior operação da multinacional alemã. Ele estava na Nivea há seis anos.

A Hypermarcas anunciou ontem alterações no comando da companhia, dentro de um plano de mudanças traçado meses atrás. Nelson Mello, um dos executivos de confiança do fundador do grupo, João Alves de Queiroz Filho, deixará a função de presidente da divisão de consumo e se tornará diretor de relações institucionais da empresa.

Já há algumas semanas, redes de varejo próximas ao grupo comentavam a possibilidade de mudanças na gestão envolvendo Mello, profissional com grande conhecimento da área comercial do grupo e bom trânsito na indústria.

Não havia informações no mercado, no entanto, de que uma nova contratação estava em andamento. Para o cargo foi escolhido o, até então, presidente da Nivea no Brasil, o alemão Nicolas Fischer - um dos executivos do mercado de consumo mais bem avaliados pela indústria. Ele estava na Nivea há seis anos e a sua contratação foi feita por meio de headhunters. Fischer assume as novas funções no dia 1º.

A mudança de cargos na empresa acontece num período conturbado, em que o grupo passa por uma reestruturação interna e convive com rumores -já negados - de alterações em sua estrutura acionária. "É um anúncio que acontece num final de período doloroso, difícil, e que chega ao fim. Mudamos [o comando] numa fase em que estamos mais preparados para crescer organicamente", disse Claudio Bergamo, presidente da Hypermarcas, após o anúncio do fato ao mercado.

Pragmático, com forte viés na área financeira, Fischer comandou o processo de integração da Wella na Procter& Gamble em 2003. Com experiência na área de marketing na Wella, foi o responsável por tornar a subsidiária brasileira da Nivea na segunda maior operação da multinacional no ano passado. Quando entrou na empresa no país, em 2006, a filial ocupava a 11ª colocação.

Em relação à Nivea, o Valor apurou que ninguém assumiu o lugar de Fischer e, até isso ser decidido, a diretoria se reportará ao presidente de mercados emergentes, Ümit Subasi

Esta foi uma movimentação planejada pela Hypermarcas - e que na prática começou lá atrás. Em agosto de 2011, a companhia anunciou uma mudança na estrutura da organização. Na ocasião, foi decidida pela divisão da companhia em duas áreas, consumo e farmacêutica, com executivos que passaram a atuar em cada área (comercial, marketing) de forma independente.

Nelson Mello, presidente comercial da companhia à época, assumiu a função de presidente da unidade de consumo após agosto. Um executivo para a área farmacêutica também passou a ser procurado. Mas naquele período, o comando da Hypermarcas discutia a possibilidade de manter Mello por alguns meses até achar outro executivo.

Mello havia sido presidente da Assolan quando a Hypermarcas nem existia e até o ano passado, dividiu a gestão do grupo com Bergamo, sob a supervisão de Júnior. Bergamo se tornou o comandante executivo, enquanto Mello assumia o papel de presidente comercial da Hypermarcas.

A empresa cresceu rapidamente, mudou, precisou criar áreas comerciais independentes e nessa reorganização anunciada em 2011, Junior, Bergamo e o próprio Mello entenderam que ele deveria ocupar outra função. Mello ficaria em consumo (área que ele conhece na empresa como poucos) temporariamente até que se achasse alguém indicado para a vaga. Foram quatro meses de procura.

E por que Mello não poderia se manter na função? A Hypermarcas diz que precisava de uma pessoa da empresa na área de relações institucionais, cargo que não existia até hoje. E Mello tem as habilidades para isso, inclusive por ser uma das poucas pessoas de confiança de Júnior.

Nicolas Fischer comandará uma operação que registrou receita líquida de quase R$ 1,1 bilhão de janeiro a setembro de 2011, uma expansão de 20,6% em relação a 2010. É um negócio que equivale a 40% das vendas líquidas da Hypermarcas e passa por um período final (na análise da empresa) de reorganização do modelo comercial e de ajustes entre ritmo de demanda e nível de estocagem.

Na virada do segundo para o terceiro trimestre de 2011, a Hypermarcas informou que a necessidade de rever a sua política comercial, reduzindo generosos descontos e antigas facilidades dadas aos clientes. A companhia decidiu rever essa postura, considerada nociva ao negócio, o que gerou ruídos no mercado. O valor de mercado da Hypermarcas caiu - chegou ao menor patamar desde 2008. A expectativa de investidores agora está nos resultados do grupo no primeiro trimestre de 2012.


Veículo: Valor Econômico


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