Principal influência desse resultado veio da queda de 10,8% na expectativa de contratações, revela pesquisa da CNC
Apesar da manutenção da expectativa de aumento nas vendas este ano, o otimismo dos empresários do varejo caiu no início de 2012, indicando redução no ritmo dos investimentos. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) caiu 2,3% em janeiro, na comparação com dezembro de 2011, mas continua favorável com o alto patamar de 127,6 pontos. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Entre novembro e dezembro, em meio às vendas de Natal, o ICEC havia ficado estável em 130,6 pontos, fechando o ano no maior nível da série iniciada em março de 2011. O recuo no início deste ano foi puxado principalmente pelo subíndice relativo aos investimentos (IIEC), que recuou 4,5% em janeiro.
A principal influência desse resultado veio da queda de 10,8% na expectativa de contratação de funcionários, o que é esperado nessa época do ano com o aproveitamento de parte dos temporários do período de Natal. Já o nível de investimentos das empresas recuou 1,6% na mesma comparação.
Na avaliação do economista Bruno Fernandes, da CNC, a desaceleração da economia em 2011 está influenciando a redução das intenções de investimento dos varejistas este ano, que elevaram as inversões na abertura de lojas em 2010 estimulados pelo crescimento de 10,8% do comércio naquele ano e na expectativa de um desempenho mais forte em 2011.
IBGE. O desempenho do varejo em 2011 só será divulgado no próximo dia 14 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em fevereiro, mas Fernandes, acredita que o comércio cresceu cerca de 6,5% no ano passado com a desaceleração da economia provocada pelo governo e agravada pela crise global. Com isso, o investimento foi maior do que a alta da demanda em 2011, o que aparece no subitem do ICEC que aponta a percepção do comerciante sobre os estoques.
Apesar da ligeira alta de 0,6% em janeiro, o indicador continua abaixo dos 100 pontos (95,2 em janeiro), expressando manutenção de estoques altos com vendas abaixo do esperado e ritmo menor na expansão de pontos de vendas. "O empresário hoje está mais moderado, mas ainda está otimista em relação ao crescimento do comércio este ano", diz Fernandes.
"Provavelmente a confiança voltará a variar positivamente no segundo trimestre, quando o comércio vai sentir mais o efeito da retirada das medidas macroprudenciais, dos estímulos do governo ao consumo e ao crédito e da redução da Selic, que leva de 6 a 9 meses para ser sentida na economia', disse.
Veículo: O Estado de S.Paulo