Novas empresas estão em busca de pontos para abertura de lojas na Avenida Paulista, o principal centro empresarial de São Paulo. Conforme apurou o Valor, as redes de varejo Riachuelo e C&A e as marcas de artigos esportivos Nike e Adidas estiveram em contato com empresas da área imobiliária para localizar espaços na região.
Nike e Adidas buscam um ponto para a abertura de uma loja conceito ("flagship") para cada marca até a Copa do Mundo de 2014. A Adidas soma 18 pontos no país e a Nike, 40 unidades (incluindo as lojas de fábricas). Em 2011, a Nike abriu seis lojas no Brasil, mercado em que as vendas, junto com outros emergentes, crescem em ritmo acima da média do grupo no mundo.
De acordo com pessoas próximas às redes de vestuário, o principal problema é que na avenida Paulista não há pontos com o tamanho necessário para a instalação de uma loja tradicional, com no mínimo 1.000 metros quadrados. "Tudo o que se vê por lá é pequeno. O jeito é ficar esperando", diz uma fonte ligada à Riachuelo, que está há um ano nessa busca. As cadeias Marisa e Renner já têm pontos de venda na Paulista.
No caso das fabricantes de artigos esportivos, existem formato de lojas pequenas, com até 300 metros quadrados, que atendem bem ao modelo de operação das marcas. Mas as duas empresas buscam pontos com estrutura maior, de maneira que a loja ofereça boa parte das novas coleções e seja uma referência para a marca na cidade.
Procuradas, Adidas, Riachuelo e C&A não se manifestam sobre o assunto e a Nike não confirma. O interesse delas na região está no potencial do mercado consumidor e nos ganhos de visibilidade para a marca no espaço. Pesquisa realizada no final de 2011 pela consultoria DataPopular informa que cerca de 880 mil pessoas trabalham na avenida Paulista, mais da metade dos 1,5 milhão que trafegam pela via diariamente. Segundo o estudo, 65% já fizeram compras em lojas instaladas na avenida e 60% pertencem às classes C e D.
Além dessas questões, a possibilidade de que a venda por metro quadrado de lojas de rua supere o resultado das lojas em shoppings também explica o interesse - apesar de não existirem dados que comprovem que se trata de um investimento rentável. Marisa e Renner, com unidades na Paulista, dizem que é um bom negócio, mas não abrem dados detalhados ao mercado.
É sabido que o custo de operação chega a ser 10% menor que a de uma unidade em shoppings e a loja de rua não paga aluguel mínimo (porcentagem sobre as vendas) ou o aluguel dobrado, pago pelos varejistas de shoppings em dezembro. No entanto, na avenida Paulista, as lojas fecham por volta das oito horas da noite e os pontos não operam em situações como manifestações públicas.
Essa busca por pontos na avenida ganhou intensidade maior por conta de uma dificuldade que surgiu recentemente. Um novo shopping center a ser construído na avenida Paulista, na esquina com a Rua Pamplona - de responsabilidade da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) e da Cyrela Commercial Properties (CCP) - não terá lojas âncoras, apurou o Valor. Dentro desse contexto, passou a ganhar mais força o plano de buscar espaços em pontos de rua na avenida.
A ideia dos empreendedores é ter várias lojas de menor porte no empreendimento, ainda sem nome. Com isso, as redes C&A e Riachuelo, que chegaram a procurar a CCDI e a CCP, teriam colocado o projeto em banho-maria, mas ainda aguardam uma possível mudança nessa decisão para obter um espaço no shopping.
Veículo: Valor Econômico