O setor de autosserviço perdeu seu destaque histórico no desempenho anual de vendas do varejo brasileiro. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) relativa a dezembro do ano passado, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta os móveis e eletrodomésticos como o grupo de atividades com maior impacto no crescimento acumulado de 6,7% no volume de vendas do comércio varejista em 2011, ante 2010. Na mesma base de comparação, a receita nominal saltou 11,5%.
Na composição da taxa anual de crescimento, os móveis e eletrodomésticos participaram com 45,6% e o setor de supermercados, com 27,3%. Esses grupos de atividade cresceram, respectivamente, 16,6% e 4% em volume de vendas (confira cada atividade no quadro ao lado), na comparação 2011 ante 2010.
O economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, comenta que, ao longo do ano passado, o preço da alimentação subiu muito, enquanto móveis e eletrodomésticos registraram deflação. Além disso, acrescenta, há um conjunto de outros fatores – como maior oferta de crédito, aumento da renda e estabilidade de emprego – que favoreceu a aquisição desses produtos.
No segundo semestre de 2011, acrescenta o economista, o governo também começou a "desfazer" as medidas macroprudenciais, editadas em dezembro de 2010 para conter consumo e inflação. "Se a população fica mais rica, depois de garantir a comida, passa a gastar com supérfluo. Havia uma demanda reprimida", explica.
Na opinião de Pereira, o crescimento anual de 6,7% é um bom resultado, embora aquém do registrado em 2010, de 10,9% para o volume vendas e de 14,5% em receita nominal.
Em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, o volume de vendas do varejo brasileiro cresceu 0,3% em dezembro de 2011 (variação idêntica à da receita nominal). E ante dezembro de 2010, o salto foi igual ao acumulado no ano, de 6,7%. Na mesma base de comparação, a receita nominal cresceu 10,1%.
São Paulo – A análise regionalizada da PMC mostra que em todo o Brasil houve resultado positivo para o volume de vendas acumulado em 2011. O estado de São Paulo registrou crescimento anual de 5,9%.
Na comparação dezembro ante novembro do ano passado, apenas São Paulo e Santa Catarina não registraram variação no volume de vendas do comércio varejista; 17 estados obtiveram crescimento e em 8 houve queda da taxa.
Na comparação dezembro de 2011 ante igual mês de 2010, apenas Sergipe apresentou desempenho negativo no volume de vendas, de 2,8%.
Em São Paulo, a variação chegou a 6,4%, próxima à da média nacional de 6,7%. Na mesma base de comparação, o desdobramento por tipo de atividade no estado mostra desempenho negativo para as vendas de combustíveis, tecidos, vestuário e calçados; além de livros, jornais, revistas e papelaria. No entanto, houve crescimento nas vendas dos hipermercados (4,9%); de moveis e eletrodomésticos (13,7%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (5,9%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (49,8%); e em outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,8%).
Veículo: Diário do Comércio - SP