Os consumidores de São Paulo decidiram renovar a casa em 2011, revela levantamento da FecomercioSP, entidade que representa o comércio varejista do Estado. No ano passado, as vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, móveis e artigos de decoração e materiais de construção puxaram o varejo na região metropolitana de São Paulo, que faturou R$ 151,4 bilhões no período, 3,1% mais que em 2010, já descontada a inflação.
As vendas nas lojas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos cresceram 9,3%, totalizando R$ 12,5 bilhões. O movimento, destaca o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, é reflexo da queda de preços e dos avanços tecnológicos, ao mesmo tempo em que a renda cresce. "Os consumidores gostam de novidades e, com os preços baixos, as vendas aumentam", resume.
Nas lojas de móveis e artigos de decoração, o faturamento subiu 7,6%, chegando a R$ 5,6 bilhões, enquanto o comércio de materiais de construção foi ampliado em 5,5% em 2011, somando R$ 13 bilhões. O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, explica que a expansão está relacionada ao crescimento do mercado imobiliário.
"Cerca de 65% dos financiamentos são para a compra de imóveis usados. E, nesses casos, quase sempre o comprador faz alguma reforma", diz Conz. Segundo ele, grande parte dos lançamentos feitos em 2008 e 2009 foi entregue no ano passado. "Os proprietários tiveram de adicionar aos imóveis diversos itens de acabamento após a entrega das chaves, como pisos e armários."
Embora ainda represente fatia pequena do faturamento do varejo, as vendas pelas internet têm crescido em ritmo acelerado. Em 2011, o aumento foi de 17%, para R$ 3,1 bilhões, após avanço de 25,4% no ano anterior.
"Em mais dois ou três anos, o faturamento do comércio eletrônico ultrapassará o do segmento de móveis e decorações", afirma Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, devido à popularização da internet, do crescimento da classe média e do ganho de confiança dos consumidores nas compras on-line.
"As empresas têm trabalhado para conquistar a confiança dos clientes, melhorando a segurança de seus sites e cumprindo com os prazos de entrega", ressalta. Atualmente, diz, o temor de fraude é a maior barreira ao crescimento do comércio eletrônico.
O levantamento da FecomercioSP mostra que apenas dois segmentos registraram retração nas vendas no ano passado: lojas de departamento, com queda de 1,2%, e farmácias e perfumarias, que apresentaram redução de 9,8%. "O aumento acentuado da concorrência nesse último segmento limitou muito o reajuste de preços", diz Carvalho. A disseminação dos genéricos também influenciou os resultados. "Como o preço médio dos genéricos é bem mais baixo que o de remédios de marca, isso também teve impacto sobre o faturamento."
O número contrasta com a apuração do IBGE, que mostra que as vendas de artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria têm crescido 10% ao ano. "Nossa metodologia é diferente da utilizada pelo IBGE. Enquanto eles só pesquisam estabelecimentos com mais de 20 funcionários, nós avaliamos empresas de todos os tamanhos, inclusive microempresas", explica o assessor da FecomercioSP.
A diferença de metodologia é um dos fatores que fazem com que os números de São Paulo não sirvam de base para o desempenho do varejo no Brasil, segundo a economista Mariana Oliveira, da Tendências Consultoria. Pelos cálculos dela, a pesquisa do IBGE, que será divulgada hoje, deve mostrar expansão de 6,7% no volume de vendas do varejo em 2011, sem considerar os segmentos de veículos, motos e materiais de construção.
"Regiões como Norte e Nordeste tendem a ter desempenho acima da média nacional, porque a penetração ainda é baixa. Em regiões mais maduras, como a Sudeste, o crescimento é menor, porque não há grande potencial de expansão de pontos de venda", diz Mariana, que estima em cerca de 40% a participação de São Paulo no varejo nacional.
Veículo: Valor Econômico