A aquisição anunciada ontem pela Brazil Pharma da rede de drogarias baiana Sant'ana, a maior do Estado, por R$ 347 milhões, faz o braço de varejo de farmácias do banco BTG a terceira maior varejista desse segmento no país, em número de pontos próprios e faturamento bruto. A empresa superou a cearense Pague Menos. Mas na soma total de lojas (são 986 unidades, entre franquias e lojas próprias) o BTG é líder e se distancia mais da Raia Drogasil, segunda colocada com 776 pontos de venda.
A movimentação anunciada - é a segunda aquisição da BR Pharma em três meses - levanta o questionamento a respeito das estratégias que têm sido adotadas pelas maiores redes de drogarias do país na tentativa de ocupar espaços no mercado. As líderes do setor parecem estar hoje em campos opostos. Enquanto a BR Pharma aumenta a cesta de compras de forma acelerada, a Raia Drogasil e a Pacheco/Drogaria São Paulo (DPSP) avançam no trabalhoso processo de integração e fazem raras movimentações de compras desde que se uniram. As duas empresas surgiram após unirem suas operações em agosto de 2011.
Nos últimos meses, Raia e Drogasil anunciaram um negócio de porte pequeno (a compra de cinco lojas da Drogaria Panda, do Mato Grosso, por R$ 4,95 milhões) e a entrada em dois novos Estados, Mato Grosso do Sul e Bahia, com abertura de oito lojas. A DPSP não fez nenhuma aquisição.
Apesar da expectativa do mercado em torno da movimentação de Raia Drogasil e DPSP, estas focaram atenção na reestruturação dos negócios para integrá-los, algo que elas esperam que aconteça num período de 12 a 18 meses (a partir de agosto de 2011). É algo fundamental se ambas querem criar uma base única para crescer.
"A Raia Drogasil tem ajuda de três consultorias, Mckinsey, Hay e Thymus. E a integração vai desde um alinhamento de cargos e salários ao tombamento de sistemas [entrada e saída de produtos] de lojas, algo que ainda não foi feito, mas que elas precisam fazer de qualquer jeito", diz um executivo próximo a uma das consultorias contratadas. "Dá para juntar as operações e, ao mesmo tempo, avaliar novos ativos e comprar, desde que isso seja feito com equipes independentes e com objetivos claros", diz Antonio Coriolano, sócio da RetailConsulting.
Comandada pro André Sá, a BR Pharma iniciou em 2011 um processo de integração dos negócios adquiridos, mas a empresa foi mais ativa que as concorrentes na busca de novos negócios. Sá tem cuidado de cada compra pessoalmente e passou um ano em conversas com o controlador da rede Sant'ana, José Sant'ana, o "Zezinho". O comando da BR Pharma sabe que tinha que se movimentar para não perder espaço no setor.
Os seus maiores negócios só foram fechados nos últimos quatro meses - compra da Big Ben e da Sant'ana, que somaram quase 250 lojas às 986 unidades (franquias e próprias) da BR Pharma "Não são estratégias comparáveis [BR Pharma, DPSP e Raia Drogasil]. Elas estão em regiões diferentes e estão em momentos diferentes", diz Coriolano. A BR Pharma não atua no Sudeste.
Fontes ligadas à BR Pharma contam que a empresa tomou medidas para integrar as operações, apesar do foco em novas aquisições. A BR Pharma contratou Carlos Dutra (ex-Drogasil) há um mês e meio, e Flavio Sanchez (ex-Ambev) no ano passado, para cuidarem da integração comercial e administrativa, respectivamente.
Com a aquisição da Sant'ana, a BR Pharma se descolou da Raia Drogasil no ranking das maiores cadeias de drogarias em número total de pontos. A diferença, de cerca de 100 lojas, pulou para 200 - a Sant'anna soma 101 lojas na Bahia. O número referente à soma total de lojas próprias da empresa (a BR Pharma possui franquias e pontos próprios), atingiu 627 unidades - superando a Pague Menos, com 500 farmácias hoje.
Veículo: Valor Econômico