James Freeman, proprietário de uma torrefação e da rede de cafés Blue Bottle Coffee Company, com sede em Oakland, na Califórnia, acaba de voltar de uma temporada de compras de café no Brasil. Ele visitou uma fazenda de café de propriedade familiar e comprou grãos que chama de "aveludados", "lindos" e "voluptuosos". Freeman começará em breve a vender o café por cerca de US$ 20 a libra (454 gramas) - o mesmo preço de seus melhores grãos da Etiópia.
Esses elogios arrebatados de torrefadores como Freeman representam uma drástica reviravolta para o café brasileiro, que até recentemente era considerado uma commodity sem nada de especial que servia para pouco mais que café instantâneo.
"Era de conhecimento geral que o café brasileiro não passava de lixo", disse Danny O'Neill, fundador da Roasterie, uma torrefadora de cafés especiais por atacado em Kansas City, no Estado americano de Missouri.
Agora, cada vez mais torrefadoras e lojas de café de primeira linha estão destacando a natureza doce, encorpada e com tons de nozes do café brasileiro. Eles estão vindo em busca dos melhores grãos do país e tostando-os cuidadosamente para preservar suas nuances.
"Os [especialistas em] cafés de alta qualidade sempre desprezaram o café brasileiro dos anos 70 em diante, porque é cultivado em baixas altitudes. Normalmente os cafés realmente finos crescem a mais de 1.300 metros de altitude, e os brasileiros crescem de 900 a 1.300 metros", disse George Howell, torrefador com experiência em cafés especiais.
Dois meses atrás, a Illycaffè, uma empresa grande sediada na Itália com vendas internacionais, lançou o MonoArábica Brasil, mistura de grãos vindos exclusivamente da região do cerrado mineiro.
Veículo: Valor Econômico