Ampliar a área de vendas de vestuário e sair do lugar comum da venda de produtos alimentícios ou da dependência da comercialização de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Esta tem sido a estratégia cada vez mais adotada por redes como a bandeira de hiper e supermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar (GPA), além da tradicional Pernambucanas, voltada para o público de baixa renda e que tem trilhado o caminho para fidelizar o público ascendente à classe C e B, tanto que hoje boa parte de suas lojas tem já mais da metade dos espaços voltados exclusivamente para a área de roupas e acessórios.
Ontem, a Pernambucanas apresentou sua nova coleção de moda de outono e inverno, produtos que deverão estar disponíveis nas araras das 284 lojas da rede, localizadas em 7 estados diferentes - São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná -, a partir do mês de março. Com origem na área de vendas de cortinas, tapetes e produtos para o lar, a Pernambucanas é uma das empresas nacionais que manteve a tradição no varejo para a área de cama, mesa e banho, e depois adotou a venda de eletrodomésticos e eletrônicos. Mas há algum tempo voltou a ampliar sua atenção na área de têxteis, mas enfoque ao vestuário.
Na área de roupas para adultos e crianças, a moda é desenvolvida por três estilistas diferentes e a nova coleção vem para atender aos anseios dos consumidores que, segundo Rogério Marques, diretor de Marketing da empresa, estão mais exigentes. "Nossos consumidores são exigentes no estilo e nas tendências e procuram sempre por roupas que possam corresponder a esses anseios", diz. Ainda segundo o representante da rede, o cuidado maior na criação das coleções, deve-se a pesquisa realizada com os clientes, que revelaram uma maior necessidade em se ter um setor de vestuário mais robusto e com boa quantidade de modelos disponíveis. "Isso mostra a nossa preocupação com os nossos clientes, em especial em nosso varejo de moda", enfatiza.
A empresa não quis se pronunciar sobre o quanto o setor têxtil representa atualmente à rede, mas o crescimento do departamento de vestuário da varejistas é perceptível. Anteriormente, em entrevista ao DCI, um dos representantes havia mencionado que o departamento de roupas apresentou crescimento de, em média 20% nos últimos anos, o que enfatiza a maior preocupação da empresa com lançamentos de coleções periódicas, como a apresentado à imprensa.
Vale ressaltar que a empresa passou a atuar com vestuário apenas da década de 70, após 66 anos no mercado e iniciou suas operações no segmento após comprar a Companhia Paulista de Tecido, em Pernambuco.
Um dos fatores que pode ser fato impulsionador no segmento é o aumento do poder aquisitivo e da entrada de 48 milhões de novos consumidores na economia brasileira. Isso sem esquecer que a maior facilidade de crédito e pagamento parcelado, atinge 14 milhões de pessoas que possuem o private Label, cartão de crédito próprio da Pernambucanas.
A coleção, que possui fabricação própria, é composta por linha completa de roupas e acessórios, com foco maior no público feminino, que inclui moda íntima, e é complementada com itens para os consumidores masculinos e do público infantil. A equipe de estilo da Pernambucanas, composta por três estilistas, contratados recentemente pela empresa, afirma ter buscado mais referências de países Asiáticos para compor sua coleção.
Segundo Vera Dellaqua, gerente de produtos da Pernambucanas, a escolha do tema, é justamente para atender aos desejos de um consumidor que está atento ao que acontece ao redor do mundo. "A referência em Casablanca, com inspiração marroquina, atende à um consumidor mais moderno e atento ao que acontece no segmento de moda".
Mudanças
Outra rede que resolveu apostar com empenho cada vez maior no setor de vestuário em suas lojas, e assim depender cada vez menos da área de alimentos, é o Extra. A rede supermercadista anunciou, ontem, a nova parceria com o estilista Marcelo Sommer - dono de uma loja própria e experiência no mercado de moda, após fazer parte da equipe criativa de grifes como a Fórum, a extinta Zoomp, M2000 e da Calvin Klein.
O estilista desenvolveu 20 peças exclusivas para complementar a coleção de outono inverno das lojas e até o final deste ano, disponibilizará aos clientes do supermercado mais 60 itens, que farão parte das coleções de Dia dos Namorados, no mês de junho e da coleção de primavera e verão e de alto verão, que estarão nas araras da rede a partir do mês de novembro e janeiro, respectivamente. As peças também estarão disponíveis ao consumidor em março em todas as 130 lojas com a bandeira Extra Hiper.
Em nota, Sidnei Abreu, diretor comercial têxtil do GPA, apontou que há quatro anos a empresa iniciou seu processo de ampliação do setor têxtil, além da inserção de roupas de ginásticas e um número maior de produtos de homewear - moda casa. A intenção é aproveitar o grande fluxo de clientes e dar a esses consumidores um número maior de opções na hora da compra. "Temos uma moda democrática, acessível e com opções para toda a família, que é o público alvo de nossa marca", afirmou Abreu.
Mercado
Uma das grandes redes especializadas na área de moda, a Renner, anunciou esta semana planos ousados. A empresa, concorrente de bandeiras como C&A, Riachuelo e Marisa, tem a meta de investir R$ 420 milhões este ano, entre novas lojas, remodelações e um novo centro de distribuição. A ideia, segundo é ampliar também a bandeira Camicado, forte player na área de cama, mesa e banho. O investimento é 41%, maior do que o aplicado em 2011.
CEO da Renner, José Gallo, busca sempre divulgar a previsão otimista da empresa, onde é preciso ressaltar a experiência com a nova bandeira da companhia, a Blue Steel, um modelo que é avaliado e em cujas lojas o grupo percebeu o tíquete médio maior.
Veículo: DCI