O grupo mineiro Algar investe em nova marca de alimentos para vender exclusivamente no Nordeste e Norte.
Diz o ditado que angu quente se come pelas beiradas. Mas a Algar Agro quer provar que o caminho do sucesso pode ser o oposto. Além disso, ela quer acrescentar a esse prato mineiro um pouco do tempero nordestino. Afinal, a empresa de agronegócios do grupo Algar, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, vai lançar a partir de maio uma nova marca de alimentos que terá como carro-chefe o óleo de soja produzido a partir de suas novas instalações industriais em Porto Franco, município de 20 mil habitantes localizado no sul do Maranhão. Nessa primeira fase, a marca só será comercializada no Nordeste e Norte. “O mercado nordestino cresce a taxas muito maiores que as do resto do Brasil”, diz o empresário Luiz Alexandre Garcia, CEO do grupo Algar e neto do fundador da companhia, Alexandrino Garcia.
“Queremos acompanhar a expansão de renda da região e a alimentação é sempre uma prioridade.” A nova marca ainda não teve seu nome definido. Atualmente, a Algar Agro conta com a linha ABC de Minas, que possui – além de óleo de soja – azeite de oliva, extrato e molho de tomate. A ideia inicial é batizá-la apenas de ABC, deixando de lado a parte “de Minas”. “Fica estranho para um produto que é produzido e comercializado no próprio Nordeste”, afirma Garcia. Também está em estudo a ampliação do mix de produtos, que poderá incluir ervilhas, azeitona e milho. “Um pouco mais para a frente, podemos entrar na área de massas”, diz Leonardo de Freitas, superintendente da Algar Agro. Com os novos produtos, a companhia vai completar a renda advinda das operações atuais da empresa.
Somada à exportação de grãos in natura para o Exterior, as vendas proporcionaram um faturamento de R$ 1,2 bilhão no ano passado. O valor representa aproximadamente 40% dos R$ 2,6 bilhões de faturamento anual do grupo Algar, formado por nove empresas que atuam em áreas tão díspares como serviços de telecomunicações, manutenção de jatos executivos, fornecimento de soluções de informática, produção de um jornal e a administração do Rio Quente Resorts, ponto turístico de águas termais localizado em Goiás. A expectativa da Algar Agro é que a investida nos novos mercados proporcione um aumento de R$ 250 milhões nas vendas. O mercado potencial é avaliado em 34 milhões de caixas – cada uma com 20 embalagens – e com crescimento anual na casa dos 10%.
A empresa espera ocupar um nicho inicial em torno de cinco milhões de caixas nos próximos anos, capacidade máxima de produção da nova refinaria. “É possível que logo tenhamos de ampliar a capacidade da indústria”, diz Karina Melo, coordenadora de governança e projetos da Algar Agro. A empresa investiu R$ 65 milhões na construção da refinaria e da envasadora de óleo de soja em Porto Franco, onde, desde 2007, funciona uma esmagadora com capacidade de processar 500 mil toneladas de soja por ano. “Agora, temos o ciclo completo de produção, do grão ao óleo, em um único local”, diz Freitas, superintendente da Algar Agro. Ele calcula que apenas esse fator gere uma economia de 3% no preço do produto.
A unidade industrial está também situada em uma localização estratégica – às margens da rodovia Belém-Brasília e no centro de uma meia-lua imaginária formada por vários polos regionais importantes como São Luís (MA), Belém (PA), Santarém (PA), Palmas (TO), Teresina (PI) e Fortaleza (CE). Com isso, será possível implementar um sistema de logística altamente pulverizada, com o objetivo de atender aos varejos de pequeno e médio porte, no sentido do interior para as capitais. É exatamente o contrário do que fazem as principais concorrentes, Cargill e Bunge – detentoras das marcas de óleo Liza e Soya, respectivamente –, que concentram sua atuação nas grandes redes das capitais. “Com essa estratégia, vamos ganhar no preço e enfrentar uma concorrência mais fragilizada para implantarmos nossa marca”, afirma Freitas.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro