Avanço. Apesar de o crescimento estar se desacelerando no País, a crise na Europa deve fazer com que o Brasil ultrapasse a França em 2012, ficando atrás somente dos Estados Unidos na lista dos principais mercados da maior empresa de alimentos do mundo
Mesmo com uma expansão de vendas que perde fôlego, o Brasil caminha para se transformar no segundo maior mercado mundial para a Nestlé. A multinacional vai apostar nos mercados emergentes para garantir seu crescimento nos próximos anos e metade dos investimentos da companhia já ocorre nesses mercados.
Diante da estagnação nos países ricos, 50% de suas vendas dependerão das economias emergentes até 2020. "As placas tectônicas estão se mexendo e estamos vivendo uma nova realidade", afirma Paul Bulcke, presidente da maior empresa de alimentos do mundo.
Ele não disfarça: a decisão de destinar metade dos investimentos da Nestlé para os emergentes ocorre porque são nesses mercados que está o crescimento nos próximos anos.
Os dados financeiros da empresa mostraram que o Brasil terminou 2011 como terceiro maior mercado, posição que já havia conquistado em 2010 ao superar a Alemanha em vendas. No ano passado, as vendas da multinacional no País chegaram a 5,4 bilhões de francos suíços (US$ 5,9 bilhões). Em reais, a expansão ficou em 8% em comparação a 2010.
Se a tendência de crescimento das vendas for mantida no caso do Brasil, em 2012 o País roubará a posição da França, que fechou 2011 com vendas de 5,64 bilhões de francos suíços, mas que pena para registrar uma expansão sólida. Parte do motivo que impediu 2011 de fechar com o Brasil na segunda posição foi a valorização do franco suíço, que ganhou 10% em relação ao real no ano. Na moeda suíça, portanto, as vendas no Brasil foram reduzidas de 5,6 bilhões em 2010 para 5,4 bilhões em 2011, uma redução de 3%.
A valorização do franco suíço gerou mesmo um impacto importante nos resultados da empresa. As vendas foram de 83,6 bilhões de francos suíços, contra 93 bilhões de francos em 2010. Os lucros líquidos caíram para 9,4 bilhões de francos suíços, 8,1% abaixo do que foi registrado um ano antes para a fabricante do Nescafé, chocolates Garoto, Perrier e sorvete Häagen-Dazs.
Desaceleração. Além da moeda, o que também contou foi a desaceleração na expansão da Nestlé no Brasil no ano. Em 2010, as vendas haviam sofrido uma alta de 21%. No ano passado, a expansão ficou em 8%, inferior ao desempenho dos demais Brics, da América Latina e da média dos emergentes.
A perda de fôlego também já foi notada por outras gigantes do setor. Há dois dias, a Danone apontou que a debilidade do mercado europeu neutralizaria seu desempenho nos países em desenvolvimento em 2012. Para a Unilever, a crise europeia vai começar a afetar os emergentes.
Mesmo assim, a cúpula da Nestlé insiste que os resultados no Brasil são positivos. "O Brasil é uma de nossas prioridades", insiste Bulcke. O executivo evitar falar em cifras de investimentos. Mas aponta que os planos no Brasil estão "no topo de sua agenda". "Temos confiança no mercado brasileiro e as perspectivas do País são muito boas", declara o belga, que tem um salário de quase US$ 9 milhões por ano.
No mercado mundial, a economia americana continua sendo o principal destino dos produtos Nestlé, com 31 bilhões de francos suíços em vendas. Mas, num ritmo cada vez maior, os emergentes substituem a Europa e outros mercados maduros, em recessão e com um consumo estagnado. Hoje, três dos sete maiores mercados da Nestlé já são países emergentes - Brasil, México e China. Juntos os mercados em desenvolvimento representam 41% das vendas da multinacional que contam com 328 mil funcionários e 460 fábricas.
Veículo: O Estado de S.Paulo