Mais homens compram lençol e toalha

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Apesar de as mulheres serem as líderes de compras de artigos de cama, mesa e banho, os homens cada vez mais se tornam importantes consumidores do setor. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Núcleo de Inteligência de Mercado do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI). Segundo o levantamento - realizado com 3,924 mil pessoas, em diferentes estados - os homens já somam 18% do universo de consumidores desses artigos, sendo que essa proporção há seis anos ficava no patamar dos 6%.

"Eles começaram a chegar a esse mercado", afirmou Marcelo Villin Prado, diretor do IEMI. O que tem levado o consumidor masculino às lojas é sua maior autonomia, já que muitos moram sozinhos, são solteiros ou separados. No entanto, a pesquisa revela que, na hora de escolher o produto, eles ainda são dependentes de outras opiniões: 89% dos consumidores afirmaram estar acompanhados na loja quando adquiriram os artigos. "Eles ainda não conhecem muito bem o segmento. Muitos compram sozinhos, mas ligam para a mãe, a irmã ou namorada na hora da decisão", explicou Prado.

A pesquisa captou também que os homens, em geral, têm um comportamento "pragmático" de consumo, ou seja, compram para substituir uma peça velha ou desgastada e se sensibilizam com preço e qualidade. Os homens são 51,5% desse tipo de consumidor - que representa 30,1% do universo entrevistado. "O consumidor masculino já está na mira das empresas. Esse público tem alto poder aquisitivo e já desenvolvemos linhas específicas para eles, com formas geométricas, por exemplo", afirmou o diretor vice-presidente da Teka, Marcello Stewers.
 

Em geral, a maior parte (38,7%) das pessoas que compram artigos de cama, mesa e banho é classificada como "conservadora": escolhe os produtos de acordo com os que já tem. Dos conservadores, as mulheres representam 53,7%. Os consumidores "impulsivos" - aqueles sempre procuram novidades e trocam as peças das quais se cansam - representam 17,4% dos entrevistados, enquanto os "antenados" - que adoram novidades e buscam status através da casa - representam apenas 13,8% do universo pesquisado.

As ocasiões especiais, como montagem de enxoval de casamento, não são mais os maiores motivos que levam os consumidores às compras de artigos têxteis para casa. Mais de 60% dos entrevistados afirmaram não ter ocasião especial para a compra. As datas promocionais motivam 10,4% das pessoas, enquanto a preparação para o casamento, apenas 5,2%. "Não existe mais aquela história de que roupa de cama se compra duas vezes na vida. Agora, as pessoas querem algo novo para a casa, tem a ver com o bem estar, com qualidade", explicou Prado. Na média, os consumidores vão às compras a cada seis meses nesse segmento.

A busca pelo melhor entendimento do perfil de consumo por parte dos fabricantes acompanha uma outra tendência: as empresas estão voltando suas atenções para mercado interno brasileiro. Tradicionalmente grandes exportadoras, elas têm se reposicionado para conquistar espaço no Brasil. Em 2003, as grandes empresas - boa parte estabelecida no sul do país - chegaram a exportar 50% da produção em 2003. Os destinos da maior parte dos produtos sempre foram os EUA, Europa e Argentina.

Neste período, as companhias menores aproveitaram a lacuna deixada no mercado interno para estabelecer suas marcas. Mas, desde 2007, com a crise financeira internacional e as flutuações do câmbio, o valor das exportações recuou 67% e as maiores empresas passaram a sentir o aperto nos resultados. Pela primeira vez, no ano passado, o setor registrou um déficit, de R$ 182,2 milhões na balança comercial. O varejo movimentou R$ 18,5 bilhões, ante os R$ 17,3 bilhões registrados em 2010. Mas a produção do setor caiu 11%, para 910 milhões de peças.

"As exportações caíram tanto, que hoje não contamos muito com elas", disse Stewers. Segundo o executivo, para ampliar a participação no mercado interno, a estratégia da Teka é desenvolver novos canais de vendas, como televendas e o porta-a-porta. Novas linhas de produtos, de maior valor agregado, também são importantes para vencer a concorrência.

"O momento é propício para as empresas investirem no mercado interno. Mas ele já está ocupado com as médias e pequenas, além dos produtos chineses. É um momento desafiador para das grandes companhias", afirmou Prado. Hoje há 1.393 empresas no setor, sendo que cerca de 10 detém mais de 50% do mercado.



Veículo: Valor Econômico


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