Contra a restrição de caminhões na marginal Tietê, caminhoneiros deixam de abastecer cidade com combustível
Manifestantes dizem que fornecimento ficará cortado por prazo indeterminado; há risco de estoques acabarem
Motoristas que transportam combustível interromperam o abastecimento da cidade de São Paulo ontem em protesto à restrição de caminhões na marginal Tietê e em outras 27 vias. As multas para quem circular nos horários proibidos começaram a ser aplicadas ontem pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Se a paralisação continuar por "tempo indeterminado", como prometem os caminhoneiros, poderá faltar combustível nos postos a partir de amanhã, dizem empresários do setor ouvidos pela Folha.
Nenhum posto que pediu combustível o recebeu ontem.
Caminhões não podem circular na via entre as 5h e as 9h e das 17h às 22h, sob pena de pagar multa de R$ 85,13 e receber quatro pontos na carteira de habilitação. Os VUCs, caminhões de carga menor, estão liberados para rodar.
A CET mobilizou 142 dos 2.400 marronzinhos que trabalham na cidade para fiscalizar o cumprimento da regra.
MOVIMENTO
Segundo José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de SP), os dias de maior volume de abastecimento dos postos são, justamente, segunda e terça-feira.
"Quem pediu para hoje já está com o estoque chegando ao final, porque a capacidade é para quatro dias, no máximo. Em alguns postos pode acabar logo", afirmou.
Ainda segundo Gouveia, na última vez que houve crise semelhante, há cerca de 15 anos, o abastecimento dos postos demorou mais de uma semana para se normalizar.
Ontem, alguns proprietários de postos chegaram a registrar um aumento de 10% no movimento. Num deles, na rua Heitor Penteado, zona oeste da cidade, o combustível acabou já no início da tarde.
Empresas de ônibus, como a Viação Cometa, que tem posto próprio, também não receberam combustível ontem em suas garagens. O estoque dá para mais dois dias.
Segundo a viação, ela começou a remanejar o abastecimento. Alguns ônibus vão para Santos, por exemplo, para reabastecimento.
A paralisação de ontem tem articulação do sindicato dos transportadores autônomos, que responde por 90% das entregas feitas na capital.
Segundo o presidente da entidade, Norival de Almeida Silva, 100% da entrega foi paralisada. A reivindicação é o fim da restrição na marginal.
NEGOCIAÇÃO
A Secretaria Municipal de Transportes diz que fez uma série de reuniões com o setor para chegar à definição desse período, que originalmente seria três horas maior.
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) admite renegociar a restrição.
O presidente do sindicato das empresas de transporte de carga, Francisco Pelucio, diz que o frete deve aumentar em 20% - valor, diz, a ser repassado para os consumidores.
Veículo: Folha de S.Paulo