Escassez de ponto comercial estimula lojas dentro de lojas

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Consumo vai crescer acima da capacidade dos shopping centers a serem inaugurados nos próximos anos; logo, tendência é de expansão de formatos diferentes...

Diante da escassez de espaços comerciais, aliada ao aumento do consumo por parte dos brasileiros, que deve demandar uma maior quantidade e otimização de serviços nos próximos anos, executivos acreditam que o mercado será forçado a buscar diferentes formatos e áreas de atuação para suprir a demanda. Com isso, uma alternativa para investidores que deverá gerar tendência mais forte nos próximos anos é o segmento de lojas dentro de lojas (store in store), já bastante encontrado dentro de supermercados e redes de materiais de construção.

Outro termômetro de tal cenário, conforme Maria Cristina Franco, vice-presidente da Associação Brasileira de Franquias (ABF), vem do número de shopping centers previstos para os próximos anos, que também não deve corresponder às expectativas do consumidor. Logo, a perspectiva é dos negócios store in store - que começou com perfumarias e redes de alimentação dentro dos supermercados, como as lojas da rede O Boticário, algumas delas dentro de hipermercados do Grupo Pão de Açúcar (GPA) -, deve chamar ainda mais a atenção. Especialistas acreditam que o modelo tenha potencial para se espalhar, como as franquias Rei do Mate e Casa do Pão de Queijo, que brigam por unidades em lojas de material de construção.

Segundo Maria Cristina, há um forte movimento do consumo na direção de lojas conglomeradas, que ofereçam mais de um serviço para o público. "A procura por franquias de alimentação, que antes acontecia dentro dos shopping centers, agora não está limitada às praças de alimentação. Lojas âncoras ou até mesmo lojas de rua agora procuram por esse serviço e oferece às franqueadoras uma maior possibilidade de expansão".

Maria Cristina diz que a instalação de lojas dentro de lojas favorece um ciclo de consumo, no qual o consumidor permanece mais tempo dentro das lojas ao encontrar dentro delas um novo serviço. "É um segmento que vale a pena para redes que fornecem alimentação com operação enxuta, que não demanda muitos funcionários ou espaço de cozinha muito amplo", afirma. "Além disso, mediante a escassez de pontos comerciais, o modelo é uma boa alternativa".

Ricardo Bertucci, gerente-comercial da Casa do Pão de Queijo, que possui unidades dentro de lojas como a Telha Norte e a C&C, confirma que a procura por franquias de alimentação dentro das redes é grande. "As varejistas querem alguém que preste um bom serviço e ao mesmo tempo não dê trabalho para a operação de suas lojas. Eles procuram franquias que tenham um padrão e uma marca conhecida", declara.

O executivo conta, no entanto, que as lojas precisam ter um tamanho mínimo para que as vendas da franquia justifiquem o custo de operação, e isso diminui um pouco a oferta de pontos. "Normalmente só fechamos contrato com megastores, ou os lucros não justificam o investimento do franqueado. Temos intenção de abrir lojas e sempre procuramos novos contratos, mas os números em que nos baseamos limita um pouco nossa expansão no segmento".

Os investimentos, no entanto, são menores em comparação com a abertura de lojas em shoppings ou de rua. "O franqueado tem um custo de aluguel ou a rede varejista tem participação nos lucros, mas normalmente o aluguel é fechado, e o franqueado não vai pagar taxa de ocupação. As lojas têm custo de acabamento menor, e os resultados justificam, já que você tem um fluxo grande clientes da loja", diz Bertucci.

A Casa do Pão de Queijo tem cerca de 5% das 440 lojas instaladas em redes varejistas. Além das lojas de material de construção, a rede já teve franquias instaladas em livrarias, como a Nobel, embora o contrato já não tenha sido desfeito, e locadoras de vídeo, como a 100% Video. Para este ano, não existem unidades com instalação prevista para dentro de lojas varejistas. A previsão da rede, no entanto, é que movimente R$ 70 milhões neste ano de 2012 e apenas 1% do faturamento vem do segmento store in store.

Enquanto isso, a concorrente Rei do Mate, que tem lojas instaladas também em varejistas de material de construção, como Leroy Merlin e Dicico, comemora 15% dos resultados advindos do segmento, embora prefira não indicar os números reais. "Vemos uma grande movimentação no setor", diz Maria Cristina, da ABF. "É possível que nos próximos anos o segmento chegue até mesmo ao modelo de franquias dentro de franquias, como já indica o Rei do Mate na Dicico".

O Rei do Mate, que tem também lojas instaladas dentro de hipermercados, projeta 5 novas instalações no conceito este ano. Segundo João Baptista da Silva Junior, diretor de Franquias, a rede planeja ingressar em um novo setor de varejistas neste ano.
"Estamos em fase de negociação, então não podemos dizer ainda qual setor ou com quais empresas estamos fechando negócio, mas o modelo store in store tem nos interessado bastante", declara Baptista.



Veículo: DCI


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