Empresas de shopping centers conseguiram crescer de forma mais acelerada em 2011, com ganhos em indicadores operacionais no ano passado, como informaram relatórios de resultados publicados nos últimos dias. Houve aumento na margem e na taxa de ocupação dos empreendimentos -- e há recursos em caixa já separados para investimentos em aquisições e compra de novas participações em shoppings nos próximos anos.
Nos últimos quatro meses, o valor total captado pelos cinco maiores grupos de capital aberto do setor (BRMalls, Multiplan, Aliansce, Iguatemi e Sonae Sierra) por meio de debêntures, atingiu quase R$ 1,5 bilhão. A maior parte dos recursos será aplicada em crescimento orgânico e aquisição de negócios. Até o momento, uma minoria, cerca de R$ 200 milhões dessa soma total, informaram as empresas, será utilizada para reduzir endividamento.
"As empresas devem continuam tentando aumentar a participação no controle dos shoppings em que elas já estão. Nós continuamos olhando oportunidades nesse sentido, e não somos os únicos", disse Carlos Correa, diretor de relações com investidores da Sonae Sierra, que ainda não controla três empreendimentos dos 10 que estão em carteira.
Números apresentados pelas companhias acompanham projeções de crescimento aceleradas. A Aliansce prevê ampliar em 41% a área bruta locável da empresa até meados de 2013, informa relatório de resultados apresentado na noite de ontem. A Sonae quer dobrar o tamanho da companhia até o final do próximo ano, informou Correa.
Apesar das boas expectativas, as empresas entendem que não há espaço para planos muito mais arrojados no ano em comparação a 2011. Os relatórios de resultados mostram que líderes de mercado, devem manter o mesmo número de projetos de abertura do ano passado, porque neste momento, o volume já é considerado ideal pelas companhias.
Esse número de inaugurações - de 2 a 3 novos empreendimentos para os próximos 12 meses - está dentro do planejamento já feito para o ano por empresas como BR Malls e Aliansce, e atinge a mesma média verificada em 2011. Também é esperado pelo setor um ritmo semelhante de aquisições em relação ao verificado em 2011.
"Este deve ser um ano com muitas atividades, mas não muito diferente das movimentações do ano passado", disse à analistas Carlos Medeiros, presidente da BRMalls, a maior companhia do setor.
"O ano de 2011 foi excelente e fatores domésticos ajudam a prever um bom 2012, como controle inflacionário e aumento de renda. A questão é que nós não podemos esquecer dos riscos inerentes desse negócio, que não desaparecem porque tudo está indo bem", disse ontem Henrique Guerra, diretor executivo da Aliansce, após a divulgação de resultados de 2011. A Aliansce fechou o ano passado com alta de quase 30% na receita líquida e expansão de 4 pontos na margem Ebitda ajustada (foi a 70,6%). O lucro líquido, de R$ 92 milhões em 2011, cresceu 30%.
Apesar da expectativa de queda na taxa de juros, ainda há uma preocupação com pressões no custo de capital das empresas - num setor em que o valor dos investimentos são elevados - e no aumento do nível de concorrência em algumas praças, principalmente no interior de estados do sul e do sudeste. "Há cidades que já têm bons empreendimentos, como Londrina, Jundiaí e Ribeirão Preto, com previsão de aberturas de novos shoppings em 2012 e 2013", conta um analista setorial de corretora. "Com isso, a taxa de vacância de alguns shoppings vai ter que ser acompanhada mais de perto pelo mercado", conta.
Segundo números publicados na noite de terça-feira pela Sonae Sierra, a receita líquida da empresa de outubro a dezembro aumentou 18%, totalizando R$ 61,5 milhões em relação a 2010. No ano, o crescimento da receita foi de 18,5%. O lucro líquido foi de R$ 94,6 milhões no quarto trimestre, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. No acumulado do ano, cresceu 71,2%
O Ebitda da empresa no ano passado aumentou 22,3%, alcançando R$ 168,4 milhões, com margem de 76,8% - 2,3 pontos acima de 2010.
Veículo: Valor Econômico