Em um mercado extremamente pulverizado como o de massas e biscoitos, a cearense M. Dias Branco lidera com folga. Tem 25% e 26% de participação em volume, respectivamente, com marcas como Adria, Richester, Fortaleza, Isabela, Basilar e Zabet. Em massas, o concorrente mais próximo, a Selmi, tem 12%, menos da metade da fatia da M. Dias e, em biscoitos, a suíça Nestlé tem 9% de market share.
Mas esse "status quo" está sendo pressionado pela PepsiCo. A americana vem com fome sobre o negócio de biscoitos, onde estão 45% das vendas da M. Dias Branco. A PepsiCo comprou a Mabel, que lidera no Centro-Oeste, a região em que a M. Dias Branco tem a menor participação nacional: 12% em biscoitos e 4,5% em massas. Motivo suficiente para que a fabricante volte seus olhos para a região.
Em entrevista ao Valor, o vice-presidente de investimentos e controladoria da M. Dias Branco, Geraldo Luciano Mattos Júnior, afirmou que não se trata de fazer aquisições na região, mas de organizar o crescimento orgânico. "Temos que montar uma estrutura com representantes e distribuidores no Centro-Oeste e intensificar a prospecção de clientes", afirma o executivo. "Nada impede de olharmos também aquisições, mas não é o nosso foco", diz Mattos Júnior.
O mercado do Centro-Oeste, no entanto, é atendido pela fábrica de Aratu, na região metropolitana de Salvador, o que deixa muito espaço para a concorrência ocupar.
Na opinião do analista Renato Prado, da Fator Corretora, não sobram muitas opções para a empresa crescer além de aquisições. "O grande fator de risco da M. Dias Branco é o preço do trigo", diz o especialista. As recentes altas da commodity, inclusive, podem levar ao aumento do preço dos produtos entre abril e maio, informou Mattos Júnior ontem, em teleconferência com analistas. Se o preço sobe, o crescimento orgânico, que já é mais lento, fica comprometido. "Eles são lucrativos, têm boa performance e muito espaço para alavancagem", afirma o analista.
Este ano, a empresa vai investir cerca de R$ 190 milhões em bens de capital. A receita líquida da companhia subiu 19% em 2011, para R$ 2,9 bilhões. O Ebitda subiu 3,2% (R$ 481,2 milhões) e a margem Ebitda recuou 2,6 pontos percentuais, para 16,5%. O lucro líquido cresceu 4,2%, para R$ 366,5 milhões. Para recuperar margens, a empresa anunciou o lançamento de produtos de maior valor agregado, como o macarrão instantâneo Liggero, que fica pronto em quatro minutos no microondas.
Veículo: Valor Econômico