Brasileiro usa cartão e parcela 70% das compras

Leia em 2min 20s

Com juro de até 238% ao ano, só 29% das faturas vão para crédito rotativo

Resistente a crise, modelo de compra parcelada sem juro foi testado sem sucesso em países vizinhos

O Brasil tem os maiores juros do mundo no cartão de crédito, mas poucos clientes pagam essas taxas -81% das transações são consideradas à vista e 70% das compras parceladas são sem o pagamento de juros.

Os dados fazem parte de estudo da consultoria britânica Lafferty, que aponta o Brasil como um dos poucos países no mundo em que o cartão de crédito é mais utilizado como um meio de pagamento do que de financiamento do consumo.

Com os juros do cartão batendo 238,3% ao ano, segundo a Anefac, só 29% do valor das faturas não são pagas no vencimento e acabam submetidas as taxas do crédito rotativo, segundo a consultoria.

Isso faz do brasileiro um dos consumidores menos pendurados no cartão de crédito. Nos EUA, cartão de crédito é praticamente sinônimo de rotativo. No México, o rotativo chegou a 84% das faturas durante a crise de 2009 e caiu para 73% em 2011.

Para a consultoria, "benefícios generosos" como o parcelamento de até 12 vezes sem juros e prazo de até 40 dias entre a compra e o pagamento da fatura -o "melhor dia" para a compra- explicam por que o cartão de crédito mais do que se universalizou no país. Para cada 100 brasileiros, havia 114 cartões de crédito no final de 2011.

"As compras parceladas sem juros fomentam as vendas do varejo. O crédito rotativo é usado para emergência", disse Marcelo Noronha, diretor da Abecs (associação das empresas de cartão).

"A consequência desse modelo de negócio pouco usual no Brasil é a taxa alta de juros do crédito rotativo", diz a Lafferty.

Resistente a crises, o modelo brasileiro de compra parcelada sem juros foi testado na Argentina, na Colômbia e no México. O sucesso, porém, foi limitado a promoções para vender TVs e carros. Para o banco, a conta não fechava devido ao juro baixo e às poucas tarifas do cartão.

No Brasil, os custos do parcelamento sem juros são bancados pelo consumidor e pelos lojistas por meio de tarifas como anualidade e do processamento das transações -2,5% do valor fica para a empresa de cartões.

Segundo as entidades de defesa do consumidor, o lojista "embute" no preço o custo do parcelamento sem juro.


Lojista ajuda cliente ao repassar prazo

Ex-presidente da Creditcard, o consultor Alvaro Musa vê o modelo brasileiro de cartão como herança da forma como o varejo financia suas compras da indústria, com prazo de 30 dias para pagar. "Para vender, o varejista se acostumou a ajudar o cliente a pagar, repassando prazo. Um dá prazo ao outro."



Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Feijão volta a ser vilão da cesta básica

Colocar o feijão-carioca nas refeições está custando cada vez mais caro para o consumidor da...

Veja mais
Mulheres são maioria na demanda por cartão de crédito

As mulheres são as que mais solicitam cartões de crédito. No ano passado, do conjunto de CPFs de co...

Veja mais
Governo vai cortar imposto de fabricantes de máquinas, autopeças, pneus e têxteis

O governo vai ampliar a desoneração da folha de salários das empresas para mais setores da ind&uacu...

Veja mais
Indústria do fumo apela à Casa Civil

Passando por cima da Anvisa, lobby pede a Gleisi Hoffman uma câmara técnica para debater o impedimento de a...

Veja mais
Smartphones vão superar este ano, em receita, os celulares convencionais

Crescimento. Em janeiro, os aparelhos inteligentes foram responsáveis por 43% do faturamento das fabricantes de c...

Veja mais
Ventiladores deverão seguir novas regras

Fabricantes e importadores de ventiladores terão que cumprir novos requisitos de segurança para que seus p...

Veja mais
Mantega estuda reduzir IOF do consumo e prorrogar IPI reduzido de linha branca

Já estão com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, duas propostas para dar impulso à economia: a qu...

Veja mais
Crise europeia afeta desempenho do Carrefour em 2011

A crise da dívida da Europa, o crescimento mais lento no continente e um plano de mudanças sem brilho leva...

Veja mais
Polo atacadista ganha nova área no PR

Maringá, cidade paranaense localizada a 430 km de Curitiba, contará com a construção de um n...

Veja mais