Quebra na Argentina pode recuperar preço

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A nova redução na expectativa da produção de trigo argentino pode favorecer a recuperação das cotações do cereal no Brasil, nos próximos meses. Na última sexta-feira, a Bolsa de Cereais da Argentina divulgou números que apontam um recuo de 11 milhões de toneladas para 10,5 milhões de toneladas na produção. Foi a terceira redução neste ano causada pela escassez de chuvas naquele país, nos últimos meses. Caso a estimativa da instituição seja confirmada, 500 mil toneladas da commodity deixarão de ser ofertadas no mercado, em 2009. Na comparação com o ano anterior, a redução já chega a 34%, período em que o país vizinho produziu 16 milhões de toneladas, segundo a consultoria Safras & Mercado.

 

A menor oferta do cereal na América do Sul pode favorecer a recuperação dos preços da commodity no Brasil, principalmente na entressafra, avalia Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. A situação ainda possui o agravante em torno da safra do Rio Grande do Sul, segundo maior produtor no País. O setor estima que cerca de 40% de um total de 2,2 milhões de toneladas do estado tenham sido afetados pelas chuvas, que reduziram a qualidade do grão e tornaram inviável o consumo humano.

 

O analista lembra que o saldo exportável argentino deve cair de 9,9 milhões de toneladas para 4 milhões de toneladas no próximo ano. O Brasil consome 10,5 milhões de toneladas por ano e, antes do problema na safra gaúcha, tinha produção estimada em 5,8 milhões de toneladas. "Isso pode forçar a indústria a buscar produto fora do Mercosul com uma tarifa maior e puxar os preços aqui dentro" diz Bento.

 

Até agora, os preços não mostram reação. Conforme informações da consultoria, as cotações médias do trigo recuaram cerca de 12% no mercado interno desde o início da safra, em agosto, passando de R$ 545 para R$ 480 a tonelada, patamar mínimo estipulado pelo governo federal. Na Bolsa de Chicago, uma das responsáveis pela formação dos preços no mercado internacional, a tonelada do grão recuou 11% desde julho, início da safra do Hemisfério Norte, passando de R$ 497 para R$ 447.

 

"A forte oferta argentina neste mês também favorece a queda. A tonelada para entrega em São Paulo está US$ 100 abaixo do trigo americano", explica Bento. O analista revela que os produtores vizinhos estão com medo de novas restrições na emissão de licenças para exportação - como ocorreu no início deste ano - e por isso, vendem a produção conforme o andamento da colheita. Bento conta que o estouro da bolha especulativa das commodities também favoreceu a queda nos últimos meses.

 

Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), revela que 35% de uma safra de 3 milhões de toneladas já foram vendidos. O estado é o maior produtor do País. "O produtor quer fazer negócio. Mas o mercado está muito ofertado e a indústria compra só o necessário".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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