Importação de alimentos pela China deverá continuar firme

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A China deverá crescer menos daqui por diante, mas vai continuar a importar progressivos volumes de alimentos, disse ontem o economista Fred Gale, responsável pelas análises sobre o país asiático feitas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).


"A desaceleração no crescimento econômico não significa necessariamente menor crescimento na demanda por produtos agrícolas", disse Gale durante evento em Washington. "A China continuará a apresentar um sólido crescimento econômico", concordou Brett Stuart, sócio da consultoria Global AgriTrends.

Na semana passada, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou uma meta de 7,5% para o crescimento do país, abaixo do objetivo anterior, de 8%. Na prática, a China vem consistentemente batendo a meta (no ano passado, a expansão foi de 9,2%), mas a revisão disseminou receios de que o menor crescimento poderá reduzir o apetite da China por alimentos e matérias-primas.

Gale, do USDA, ponderou que o objetivo da China é desacelerar os investimentos e não o consumo, que tem vínculo mais direto com a importação de alimentos. "A expansão do consumo tem sido robusta nos últimos anos, entre 7% e 8%, em uma média não muito diferente da meta de crescimento da economia de 7,5% fixada pelo governo", disse.

Em 2011, os investimentos cresceram 23,8%, direcionados sobretudo aos setores imobiliário e industrial. A China procura agora reequilibrar a sua economia, privilegiando a demanda interna, para evitar o surgimento de bolhas e para reduzir a excessiva dependência do país das exportações de manufaturas e da construção civil como indutores do crescimento econômico.

"Com uma expansão de 7,5% ao ano, o consumo vai praticamente dobrar em um período de dez anos", afirmou Stuart. "A tendência de urbanização continuará a ser o principal motor do crescimento do consumo de alimentos na China", afirmou Colin Carter, professor da Universidade da Califórnia, em Davis.

Essa demanda adicional por alimentos será atendida, cada vez mais, por importações. Daqui por diante, afirmaram os especialistas, será cada vez mais difícil para a China manter a sua estratégia de autossuficiência na produção de milho e carne de porco, por exemplo. Também ficará mais complicado conciliá-la com o objetivo de garantir alimentos a preços acessíveis às crescentes populações urbanas.

Gale, do USDA, calcula que nos últimos cinco anos, o custo de produção de grãos na China subiu perto de 80%, em virtude da alta de salários, do aumento do preço da terra, encarecimento dos insumos e valorização da moeda. "O aumento dos custos de produção agrícola é hoje uma grande preocupação na China", afirmou. Stuart comenta que o mercado fechado faz com que a carne de porco seja 86% mais cara na China do que no exterior, e o milho, 57%.

A China tem conseguido se manter autossuficiente em alguns produtos graças ao aumento da área cultivada e não da produtividade, mas essa é uma estratégia que começa a se esgotar em virtude do fim das terras disponíveis. "Só para atender a crescente demanda por milho, o país é obrigado a incrementar a sua produção em cerca de cinco milhões de toneladas por ano. "Estamos nos aproximando de um ponto em que haverá enorme pressão nesses mercados", afirmou Stuart.

"A China já está perdendo controle sobre a autossuficiência". O país produz 99% da carne de suínos que consome, mas em novembro de 2011 teve que importar dos Estados Unidos, absorvendo 7% da produção americana. "Se a autossuficiência cair para 95%, será um enorme mercado para importações".



Veículo: Valor Econômico


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