Gigante têxtil chinesa tem planos para o Brasil

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No setor têxtil brasileiro, falar em China é sinônimo de prejuízo. Mas uma gigante têxtil chinesa, Li & Fung, planeja desembarcar no Brasil, com o objetivo de colocar a produção nacional na rede mundial de fornecimento para as grandes grifes.

O grupo - um dos maiores do mundo, que fornece para Zara, Disney e Walmart - busca oportunidades de negócios no Brasil. Victor Fung, presidente da empresa com sede em Hong Kong, insiste que quer "ajudar o Brasil a vender para a Ásia". Ele está na lista da Forbes dos homens mais ricos do mundo e sua empresa movimenta cerca de US$ 6 bilhões por ano. Mas não deixa de se queixar do protecionismo brasileiro.

"Tenho muito interesse no mercado brasileiro e em formas de ajudar o País a exportar", declarou. Seu objetivo é claro: encontrar fornecedores de produtos têxteis no Brasil que possam fornecer materiais que acabariam nas grandes redes de distribuição

Na China, Fung foi ao interior para garantir o fornecimento de tecidos e cortes encomendados pelas grandes marcas. Mas, com uma ampla rede de distribuição e se beneficiando do baixo custo de mão de obra, conseguiu passar a fornecer para as grandes marcas a um preço competitivo. Assim, redes como Walmart podem ainda assim fazer chegar suas mercadorias aos clientes a valores baixos.

Em muitos aspectos, o selo "Made in China" do setor têxtil é sua própria empresa, criada há mais de cem anos pelo avô como uma revendedora de produtos de porcelana e antiguidades na cidade de Guangzhou. Hoje o grupo é uma das maiores multinacionais chinesas e cada consumidor no Ocidente tem grandes chances de ter em seu armário mais de uma peça de roupa comercializada pela empresa.

Segundo a explicação da própria companhia, o fornecimento de seus produtos chega a 40 fábricas diferentes pelo planeta. A direção da companhia, porém, continua na mão da mesma família. Victor é o presidente e seu irmão, William, é o diretor.

Nos últimos anos, a rede de distribuição do grupo se expandiu para diversas áreas, sempre oferecendo o serviço de distribuição. Hoje, conta com 240 escritórios pelo mundo, com 27 mil empregados e com contraltos com 15 mil pequenas e micro empresas para garantir o suprimento para redes de varejo de proporções globais.

"Na América Latina, estamos muito presentes nos países centro-americanos. Mas ainda não no Brasil e tenho certeza de que esse é um mercado que precisamos explorar. Estamos buscando opções para entrar no mercado", disse.

Proteção. Fung garante que não quer competir com as empresas nacionais, mas colocá-las em sua rede de distribuição mundial. Mas não esconde a frustração com o protecionismo brasileiro. Já o setor privado brasileiro justifica a hesitação.

Segundo os números oficiais do setor, as exportações nacionais recuaram em 1,5% em 2011, para US$ 1,42 bilhão. Em volume, a queda foi de 9% em comparação a 2010. Se as vendas para a Argentina continuaram a crescer, as exportações têxteis para os Estados Unidos despencaram em 40%, para apenas US$ 118 milhões. O principal problema está na competição com os produtos da China, fornecidos pela Li & Fung por preços baixos.

A possibilidade da chegada da multinacional ao Brasil poderia ser uma solução. Mas fontes do setor também veem os riscos. Os chineses desembarcariam para comprar empresas locais e o risco é de que coloquem para produzir em seus padrões e em sua lógica, o que nem sempre atenderia os interesses dos trabalhadores locais.

Há poucos meses, a Li & Fung comprou a grife de prêt-à-porter francesa Curreti, em seu primeiro passo no mercado de luxo.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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