Cervejaria entra no ramo de energia

Leia em 4min 40s

O Grupo Petrópolis, dono das marcas de cerveja Itaipava e Crystal, entrou surpreendentemente no setor elétrico ao adquirir 50% de participação nas empresas Electra Energy e Electra Power. O valor dos negócios foi mantido em sigilo, mas a cervejaria confirmou a aquisição por meio de nota. As duas companhias, com sede em Curitiba, pertenciam a um grupo de sete empresários locais - que mantêm participação acionária de 50% - e estão no mercado de energia desde o início da década passada. O foco de ambas são as fontes renováveis, principalmente pequenas centrais hidrelétricas, com potência instalada de até 30 megawatts. A Petrópolis explicou que busca atuar em segmentos "promissores em termos econômicos".


Com 50% da Electra, Petrópolis entra no setor de energia


O grupo Petrópolis, dono das marcas de cerveja Itaipava e Crystal, entrou surpreendentemente no setor elétrico. Sem ter feito nenhum anúncio formal ao mercado, a empresa comprou 50% de participação das empresas Electra Energy e Electra Power. O valor do negócio é mantido em sigilo, mas a cervejaria confirmou a aquisição, por meio de nota, após consulta feita pelo Valor.

As duas companhias, sediadas em Curitiba, pertenciam a um grupo de sete empresários locais - que mantêm participação acionária de 50% - e estão no mercado de energia desde o início da década passada. O foco de ambas é em fontes renováveis, principalmente pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com até 30 megawatts (MW) de potência.

"O segmento de energia passou a ser avaliado pelo grupo Petrópolis devido ao consumo elevado de suas unidades fabris e a partir do compromisso de contribuir para o desenvolvimento do país", afirmou a empresa, em nota. Segundo ela, o grupo busca atuar em segmentos "promissores em termos econômicos" e decidiu fazer a aquisição "ao vislumbrar o crescimento da demanda de energia no mercado".

Além da cervejaria, o grupo Petrópolis tem uma atuação menos expressiva no agronegócio

A Electra Energy atua no segmento de comercialização, que faz a ponte entre geradores de energia e consumidores livres - na maioria indústrias e grandes varejistas, como shopping centers ou hipermercados. Tem na sua carteira de clientes pesos-pesados como Marcopolo, Danone, Rhodia, Walita, Gomes da Costa, o Shopping SP Market e o hotel resort Costão do Santinho, além do próprio grupo Petrópolis.

Já a Electra Power, que foi constituída em 2004, é sócia de sete pequenas hidrelétricas que estão em funcionamento e totalizam 29 MW de potência. Ela tem participação também em oito empreendimentos em construção, que somam quase 80 MW.

São usinas localizadas em Mato Grosso, Rondônia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na nota enviada ao Valor, a Petrópolis diz que sua opção por uma empresa dedicada a fontes renováveis de energia se explica pela "característica de investimentos em conservação do meio ambiente, haja visto as premiações recebidas".

Na realidade, o foco da comercializadora sempre foram fontes limpas de energia. Uma evidência disso é que ela está entre as líderes do setor no atendimento a consumidores especiais - categoria na qual se encaixam empresas com demanda entre 0,5 MW e 3 MW. Esses consumidores só podem deixar de ser clientes das distribuidoras de suas regiões e migrar para o mercado livre caso comprem energia proveniente de fontes incentivadas, como usinas eólicas, solares ou pequenas centrais hidrelétricas.
 

Em 2011, a Electra Energy faturou R$ 257 milhões. Os negócios da Electra Power ainda estão em estágio inicial, mas a empresa possui uma carteira de projetos robusta, que sinaliza crescimento: são 86 empreendimentos previstos para construção futura - 67 projetos básicos de PCHs, nove inventários de hidrelétricas, quatro projetos de geração eólica, quatro projetos de viabilidade e dois de geração a biomassa.

Além da cervejaria, onde concentra suas atividades, o grupo Petrópolis tem uma atuação menos expressiva no agronegócio.

No ramo da comercialização de energia elétrica, a compra de parte da Electra pela Petrópolis reforça uma tendência recente, com a aquisição de empresas por atores novos nesse segmento. No fim de 2010, o BTG Pactual foi o primeiro grupo financeiro a ter uma comercializadora própria de energia. No mês passado, o Pátria Investimentos comprou 50% da Capitale, comercializadora independente que faturou R$ 215 milhões no ano passado.

O mercado livre de energia já movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano e representa 28% de toda a eletricidade consumida no país, mas ainda tem forte potencial de crescimento. Sem alterar os requisitos mínimos para a entrada de empresas, esse mercado "está aberto a dez mil consumidores e pode atingir 46% do consumo nacional", segundo Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel, a associação que representa as comercializadoras.

Em evento realizado ontem, na Câmara dos Deputados, a Abraceel e outras oito entidades do setor elétrico lançaram uma campanha a favor da ampliação e do aprofundamento do mercado livre. Hoje ele se limita a empresas cuja demanda é superior a 3 MW. Quem tem demanda a partir de 0,5 MW, o equivalente a uma conta de luz perto de R$ 500 mil por mês, pode ser enquadrado como consumidor especial.

De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 1.645 empresas faziam parte do mercado livre no fim do ano passado, em algum momento da cadeia produtiva: eram 1.101 consumidores livres ou especiais, 312 produtores independentes e 113 comercializadores, entre outros. O número de agentes associados aumentou 17,2% na comparação com 2010.

A expectativa da CCEE é ultrapassar o patamar de 2 mil empresas em meados do ano e alcançar 2,3 mil agentes no fim de 2012.


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Kraft Foods se arrisca ao mudar de nome

A Kraft Foods, empresa americana de alimentos dona de marcas célebres como Oreo e Lacta, está apostando em...

Veja mais
Kraft muda de nome como parte de plano para crescer em emergentes

A multinacional norte-americana do ramo de alimentos Kraft Food anunciou nesta quarta-feira planos para mudar seu nome c...

Veja mais
Pecuarista terá que se adaptar para produzir leite B no Brasil

O leite do tipo B continua a circular no mercado e assim deve permanecer, afirmam representantes do segmento. Até...

Veja mais
Organização denuncia propaganda do Kinder Ovo

Ação em shopping foi considerada abusivaO Instituto Alana, ONG que atua nos direitos da criança e d...

Veja mais
Segmento de cartões deve crescer 20%

O mercado de cartões deve crescer 20% em 2012, segundo projeção da Associação Brasile...

Veja mais
Lucro com o coco-da-baía vai aumentar

Minas deve colher 45,6 milhões de cocos-da-baía neste ano, de acordo com projeção da Secreta...

Veja mais
Apicultura de Minas em franca expansão

A crescente demanda por mel e própolis, principalmente pelos países asiáticos, tem contribuí...

Veja mais
Alumínio: produção em Minas Gerais tem alta de 2,85%

A produção de alumínio primário no Estado aumentou 2,85% em fevereiro deste ano na compara&c...

Veja mais
Salvaguarda para têxteis em abril

Prometido para meados deste mês, o pedido de salvaguarda para o setor de confecções deve chegar ao g...

Veja mais