Uma combinação de vendas mais fracas e aumento das despesas com abertura de lojas comprometeu no quarto trimestre a performance da Guararapes, dona da rede Riachuelo. A companhia teve lucro líquido de R$ 146,46 milhões no período, 10% abaixo do registrado um ano antes.
A receita líquida aumentou 12,8%, para R$ 1,03 bilhão, no trimestre. Mas, no critério mesmas lojas, as vendas avançaram apenas 1,3%, um desempenho considerado "tímido" pelo diretor de financeiro e de relações com investidores da companhia, Túlio Queiroz.
Esse fenômeno, no entanto, não foi particular da rede Riachuelo. Também sentiram impacto da desaceleração da economia outras varejistas de capital aberto como Hering, Renner e, em maior grau, a Marisa. Todas essas varejistas apresentaram crescimento de vendas no conceito mesmas lojas no quarto trimestre, mas em patamares considerados bastante modestos pelo mercado.
No caso da Riachuelo, o desempenho operacional também foi afetado pela maior concentração do ciclo de aberturas de lojas no fim do ano. Das 22 unidades inauguradas em 2011, 14 foram abertas nos últimos três meses, inflando as despesas. Com isso, o lucro operacional (Ebit) caiu 6,5%, para R$ 215,3 milhões, em relação a um ano antes.
Segundo Queiroz, cada nova loja inaugurada pela Guararapes leva entre três e cinco anos para atingir o nível de maturação. Para este ano, a companhia planeja abrir mais 30 unidades, depois de encerrar 2011 com um total de 145 lojas.
Na lista de inaugurações, estão incluídas três lojas do novo formato da companhia, a Riachuelo Mulher. Cada unidade desse bandeira ocupa uma área de vendas entre 500 e 800 metros quadrados. A primeira deve ser aberta no segundo semestre deste ano.
O plano de expansão da Guararapes em 2012 vai exigir investimento total de R$ 300 milhões, quase o mesmo valor aplicado em 2011. Para 2013, a empresa calcula a abertura de mais 30 lojas. "Estimamos ainda um potencial de mais 400 lojas da Riachuelo no Brasil", complementa o executivo, ressaltando que as maiores varejistas de vestuário no país detêm juntas uma fatia de apenas 10% do mercado.
No ano, a Guararapes registrou lucrou líquido de R$ 363,8 milhões, em alta de 7,7% em relação a 2010. A receita líquida da companhia, no período, avançou 16,8%, para R$ 3,04 bilhões.
Segundo Queiroz, a Guararapes conseguiu desviar dos efeitos de aumento de custos com a alta do algodão no primeiro semestre de 2011. "Foi possível recompensar esse efeito agregando valor ao nosso produto e integrando ainda mais a cadeia produtiva", disse.
A margem bruta da empresa, no ano, ficou em 57,4 %, praticamente estável em relação a 2010.
Veículo: Valor Econômico